quinta-feira, julho 19, 2007

Mercados Adaptativos

A Teoria Clássica de finanças diz que os mercados são eficientes e os preços refletem todas as informações disponíveis. Sabemos que num mundo real isto nem sempre ocorre. As Finanças Comportamentais apontam uma série de problemas com esta eficiência. Uma maneira de enxergar as finanças é através da Adaptive Markets Hypothesis, de Andrew Lo do MIT. Por esta teoria, existem ineficiências no mercado, mas os participantes descobrem, exploram estas deficiências e obtem lucro. Mas estas deficiências são corrigidas pelo próprio mercado, de forma evolucionária.

Podemos dizer que a AMH corresponde a Darwin aplicado as finanças.

Uma história muito antiga sobre a teoria clássica e sua adaptação para a AMH é a seguinte:

Cena 1 - Hipótese Eficiente de Mercado (EMH)

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Diz, “Ei, professor, olha, uma nota de vinte dólares.” O professor diz, “Absurdo. Se houvesse uma nota de vinte dólares na rua alguém já teria apanhado.” Continuam andando e um menino atrás deles pega a nota.

Cena 2 - AMH Parte 1

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Diz, “Ei, professor, olha, uma nota de vinte dólares.” O professor diz, “Realmente?" e olha para nota. Um menino atrás deles pega a nota e coloca no bolso.

Cena 3 - AMH Parte 2

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Diz num tom baixo de voz: "Tsst, Ei, professor, olha, uma nota de vinte dólares.” O professor diz, “Realmente?" e olha para nota. Pega a nota e coloca no seu bolso. Não se tem notícia do menino.


Cena 4 - AMH Parte 3

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Agarra a nota e coloca no seu bolso. Ninguém é mais sábio.

Cena 5 - AMH Parte 4

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação está procuranto uma nota de vinte dólares que se encontra por perto. Não existe nenhuma, mas neste processo, não escuta o assunto que o professor está tentando ensinar. O professor fica zangado com a falta de atenção do aluno. O menino também procura a nota de 20 dólares, mas quando percebe o professor mal-humorado decide que não será estudante de finanças quando ficar mais velho.

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quarta-feira, julho 18, 2007

Sindrome do Aplauso Excessivo (SAE)

Esta síndrome ocorre quando uma pessoa aplaude uma apresentação com entusiasmo extremo, muitas vezes gritando "bravo" em situações que seria melhor esquecer. Se a pessoa pagou pelo ingresso, mais susceptível a SAE pois o aplauso é um confirmação de que o dinheiro foi bem gasto.

Esta síndrome tem cura com a pergunta: a apresentação foi tão excepcional que merece uma resposta efusiva?

Mas será que vale para vaia?

Clique aqui para ler mais

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terça-feira, julho 10, 2007

Médicos erram muito

Jerome Groopman, professor de medicina de Harvard escreve que "... médicos erram nos diagnósticos de 15 a 20% das vezes, e metade destes erros trazem sérios riscos para saúde..." (via Newmark

Nunca é tarde para lembrar que o trabalho de Kahneman e Tversky, há 25 anos, foi realizado com médicos.

segunda-feira, julho 09, 2007

Cartão de Crédito

Por que vender aceitando cartão de crédito é interessante para o comércio?
As finanças comportamentais mostra que o consumidor gasta mais quando usa o cartão de crédito nas compras. (Fonte: aqui)

Poder da repetição

Uma pesquisa recente (Weaver, K., Garcia, S.M., Schwarz, N., & Miller, D.T. (2007) Inferring the popularity of an opinion from its familiarity: A repetitive voice can sound like a chorus. Journal of Personality and Social Psychology, 92(5), 821-833) mostrou que se um membro de um grupo repetir sua opinião, esta é mais provável de ser considerada como representativa do grupo inteiro. É o poder da repetição.

domingo, julho 08, 2007

Racionalidade e testosterona

O ultimatum game é uma experiência em economia onde dois indivíduos são obrigados a uma interação da seguinte forma: o primeiro jogador faz uma divisão em dinheiro; se o segundo jogador aceitar, ambos receberão a quantia proposta pelo primeiro jogador. Por exemplo, o primeiro jogador propõe ficar com $9 e o segundo com $1. Caso a proposta seja aceita, os jogadores receberão exatamente estes valores. Sendo rejeitada, não receberão nada.

Os economistas clássicos consideram que qualquer oferta que apresente um ganho para o segundo jogador, como uma divisão de $9 e $1, deveria ser aceita pelo segundo jogador. Entretanto, quando este jogo é realizado na prática, isto não tem ocorrido.

Diversas explicações são apresentadas para esta resposta. Recentemente Terence Burnham da Harvard University fez uma pesquisa somente com homens e a publicou no Proceedings of the Royal Society. Depois da resposta, Burnham coletou a saliva dos participantes para comparar o nível de testosterona dos participantes.

Já se sabia que o nível de agressividade do homem tem relação hormonal (aqui) Agora a pesquisa mostra que isto afeta também decisões econômicas. Os economistas consideram que isto é irracional, mas não é.

Clique aqui para ler artigo da The Economist e aqui.

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sábado, julho 07, 2007

Finanças Pessoais


Terminei de ler o livro "Why smart People Make Big Money Mistakes", de Gary Belsky e Thomas Gilovich. Este livro foi publicado no Brasil pela Futura, com o título "Proteja seu dinheiro de você mesmo", mas é praticamente impossível de achá-lo nas livrarias.

O livro usa as finanças comportamentais para dar conselhos financeiros para as pessoas. Seria muito mais um livro de Finanças Pessoais do que de finanças comportamentais.

Pelo fato de ter este objetivo, o livro faz simplificações, reduz as citações e evita tecnicismos. Mas aborda a mental accounting, o efeito do custo perdido, a ilusão da moeda e outros conceitos de finanças comportamentais.

Pode ser uma leitura agradável para quem deseja ter uma visão prática do assunto.

quinta-feira, julho 05, 2007

Uma pequena história (Mental Accounting)

O casal foi passar a lua de mel em Punta Del Leste. Durante o dia, jogaram no cassino e perderam R$1 mil. No dia seguinte, logo de manhã, o marido levantou e achou R$5 no bolso da calça junto com um papel escrito 17. Pegou o dinheiro, desceu e foi no cassino jogar. Colocou o dinheiro no número 17 da roleta. Ganhou R$175. Jogou novamente no 17 e teve sorte, ganhando 6.125 reais. Continuou apostando, sempre no 17. Depois de várias vezes ganhando com este número, já tinha uma fortuna acumulada de milhões. Pensou em parar, mas decidiu jogar mais uma vez, apostando novamente no 17 todo seu dinheiro. E perdeu pois saiu o número 18.
Voltou para o quarto e sua mulher perguntou:
- Onde você estava?
- Jogando
- E como foi?
- Perdi 5 reais

Adaptado de BELSKY, Gary; GILOVICH, Thomas. Why Smart Peopel Make Big Money Mistakes, p. 32-33

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terça-feira, julho 03, 2007

Conta de Restaurante

A pesquisa de finanças comportamentais pode usar de certas situações práticas para mostrar problemas na racionalidade. Um exemplo interessante pode ser encontrado em uma entrevista com o pesquisador Uri Gneezy que pesquisou a divisão de uma conta no restaurante.

A pesquisa algo já sabemos na nossa vida diária: nosso comportamento no restaurante muda conforme o critério de dividir a despesa. Os pesquisadores descobriram que quando cada pessoa paga individualmente seu consumo, o custo é menor. Quando existe a divisão da conta entre os participantes, o consumo é diferente. Algumas pessoas irão pedir algo mais caro.

Gneezy descobriu também que quando a regra social é substituída pela penalidade monetária existe uma mudança no comportamento. Caso exista uma norma social onde as pessoas devem chegar no horário, a penalidade é feita pelo grupo. Caso esta regra seja substituída por uma multa em dinheiro, as pessoas tendem a transpor as regras de forma mais fácil.

segunda-feira, julho 02, 2007

Viés da unidade

O pessoal de marketing já sabe que a quantidade oferecida para um cliente pode influenciar no seu comportamento de consumo. Assim, uma lanchonete de fast-food oferece a seu cliente embalagens com 300, 500 e 700 ml de refrigerante. O cliente tende a escolher o valor mediano, optando por consumir 500 ml. Esta quantidade é provavelmente maior do que ele consumiria numa situação normal.

Uma possível explicação para este comportamento pode ser através do viés da unidade. As pessoas tendem a comer mais quando são servidas em grandes quantidades. Uma possível explicação é que as pessoas tem uma aversão ao desperdício.

Clique aqui para pesquisa de Andrew B. Geier, Paul Rozin e Gheorghe Doros. E aqui para comentário