quinta-feira, agosto 30, 2007

Otimismo no crescimento dos BRICs

Os maiores sucessos econômicos recentes foram aparentemente da China e da India. Porque estes são os países os mais populosos, significando juntos 37 por cento da população do mundo, seu sucesso transformou-se um símbolo internacional do crescimento espectacular.

Mas é fácil exagerar sua importância. As economias de China e de India são realmente uma fração minúscula do mundo G.D.P. - juntos somente 7 por cento. As impressões populares do crescimento rápido são, na maior parte, um erro de percepção, como as ilusões documentadas por psicólogos.

A Psychology Lesson From the Markets
ROBERT J. SHILLER - The New York Times - 26/08/2007
Late Edition - Final -6
Robert J. Shiller é autor de ''Irrational Exuberance''

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quarta-feira, agosto 29, 2007

Otimismo

Positive Bias: Look Into the Dark

I am teaching a class, and I write upon the blackboard three numbers: 2-4-6. "I am thinking of a rule," I say, "which governs sequences of three numbers. The sequence 2-4-6, as it so happens, obeys this rule. Each of you will find, on your desk, a pile of index cards. Write down a sequence of three numbers on a card, and I'll mark it "Yes" for fits the rule, or "No" for not fitting the rule. Then you can write down another set of three numbers and ask whether it fits again, and so on. When you're confident that you know the rule, write down the rule on a card. You can test as many triplets as you like."

Here's the record of one student's guesses:

4, 6, 2 No
4, 6, 8 Yes
10, 12, 14 Yes

At this point the student wrote down his guess at the rule. What do you think the rule is? Would you have wanted to test another triplet, and if so, what would it be? Take a moment to think before continuing.

The challenge above is based on a classic experiment due to Peter Wason, the 2-4-6 task. Although subjects given this task typically expressed high confidence in their guesses, only 21% of the subjects successfully guessed the experimenter's real rule, and replications since then have continued to show success rates of around 20%.

The study was called "On the failure to eliminate hypotheses in a conceptual task" (Quarterly Journal of Experimental Psychology, 12: 129-140, 1960). Subjects who attempt the 2-4-6 task usually try to generate positive examples, rather than negative examples - they apply the hypothetical rule to generate a representative instance, and see if it is labeled "Yes".

Thus, someone who forms the hypothesis "numbers increasing by two" will test the triplet 8-10-12, hear that it fits, and confidently announce the rule. Someone who forms the hypothesis X-2X-3X will test the triplet 3-6-9, discover that it fits, and then announce that rule.

In every case the actual rule is the same: the three numbers must be in ascending order.

But to discover this, you would have to generate triplets that shouldn't fit, such as 20-23-26, and see if they are labeled "No". Which people tend not to do, in this experiment. In some cases, subjects devise, "test", and announce rules far more complicated than the actual answer.

This cognitive phenomenon is usually lumped in with "confirmation bias". However, it seems to me that the phenomenon of trying to test positive rather than negative examples, ought to be distinguished from the phenomenon of trying to preserve the belief you started with. "Positive bias" is sometimes used as a synonym for "confirmation bias", and fits this particular flaw much better.

It once seemed that phlogiston theory could explain a flame going out in an enclosed box (the air became saturated with phlogiston and no more could be released), but phlogiston theory could just as well have explained the flame not going out. To notice this, you have to search for negative examples instead of positive examples, look into zero instead of one; which goes against the grain of what experiment has shown to be human instinct.

For by instinct, we human beings only live in half the world.

One may be lectured on positive bias for days, and yet overlook it in-the-moment. Positive bias is not something we do as a matter of logic, or even as a matter of emotional attachment. The 2-4-6 task is "cold", logical, not affectively "hot". And yet the mistake is sub-verbal, on the level of imagery, of instinctive reactions. Because the problem doesn't arise from following a deliberate rule that says "Only think about positive examples", it can't be solved just by knowing verbally that "We ought to think about both positive and negative examples." Which example automatically pops into your head? You have to learn, wordlessly, to zag instead of zig. You have to learn to flinch toward the zero, instead of away from it.

I have been writing for quite some time now on the notion that the strength of a hypothesis is what it can't explain, not what it can - if you are equally good at explaining any outcome, you have zero knowledge. So to spot an explanation that isn't helpful, it's not enough to think of what it does explain very well - you also have to search for results it couldn't explain, and this is the true strength of the theory.

So I said all this, and then yesterday, I challenged the usefulness of "emergence" as a concept. One commenter cited superconductivity and ferromagnetism as examples of emergence. I replied that non-superconductivity and non-ferromagnetism were also examples of emergence, which was the problem. But be it far from me to criticize the commenter! Despite having read extensively on "confirmation bias", I didn't spot the "gotcha" in the 2-4-6 task the first time I read about it. It's a subverbal blink-reaction that has to be retrained. I'm still working on it myself.

So much of a rationalist's skill is below the level of words. It makes for challenging work in trying to convey the Art through blog posts. People will agree with you, but then, in the next sentence, do something subdeliberative that goes in the opposite direction. Not that I'm complaining! A major reason I'm posting here is to observe what my words haven't conveyed.

Are you searching for positive examples of positive bias right now, or sparing a fraction of your search on what positive bias should lead you to not see? Did you look toward light or darkness?

Fonte: Aqui

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Viés do otimismo

Viés de otimismo pode fazer mal à sua saúde financeira
Aquiles Mosca - Valor Econômico - 28/08/2007

Quando um jogador de basquete acerta todos os arremessos seguidamente, costuma-se dizer que ele está com a "mão quente". Com base nisso, mesmo que não se trate de um jogador excepcional, muitas vezes o técnico chega a aconselhar aos demais jogadores a passar a bola para esse indivíduo. Um jogador medíocre, que converte 45% de seus arremessos, tem uma probabilidade de 0,454 = 4,1% de acertar 4 arremessos seguidos. É pouco, mas não é negligenciável. A lei das probabilidades garante que mesmo os piores terão sucesso seguido de tempo em tempo.

Tal tendência de avaliação é denominada na teoria financeira comportamental como Representatividade, segundo a qual avaliamos a probabilidade de um evento futuro ocorrer com base em fatos observados no presente. Isto é, para a formação de expectativas, tendemos a dar maior importância a informações recentemente recebidas. Assim, uma queda ou alta observada no mercado acionário é percebida como algo que tende a se propagar no futuro, apesar de em muitos casos termos informações que sugiram o contrário. Tal percepção resulta em vendas durante períodos de queda, ou seja, vendas a preços baixos e compras durante períodos de alta, com aquisição a preços elevados. Ambos contrariam o interesse do investidor.

Para quem administra suas posições no mercado financeiro, essa dinâmica pode ter efeitos danosos ao retorno da carteira. Os cientistas comportamentais Fisher e Ayton (2004) demonstraram, ainda, que sempre que fazemos previsões e acertamos de maneira sucessiva tendemos a superestimar nossa capacidade de previsão, sentindo-nos cada vez mais confiantes na qualidade de tais previsões, mesmo que em realidade tais acertos não sejam mais que resultado do acaso.

Além disso, em outro estudo comportamental, Ben Gourion (2005) mostrou que quando precisamos determinar se um evento teve origem em um fator humano ou natural, tendemos a atribuir a causa a um fator humano. Isto é, a uma atitude nossa, se tal evento ocorreu de forma suave e a uma causa natural e fora de nosso controle, se o evento ocorreu de forma abrupta.

Essas três tendências comportamentais juntas podem estar jogando um papel fundamental na migração de ativos de instrumentos conservadores, como fundos DI, para modalidades mais arriscadas de aplicações como ações. É evidente que o principal indutor desse movimento é a queda da taxa de juros e o incômodo que o investidor sente ao ver seus retornos caírem. O movimento é correto e é parte de um processo saudável de aprendizado pelo qual o investidor brasileiro está passando. Contudo, a intensidade, a abrangência e o ritmo de tal migração sugerem cautela. Não tem sido raro vermos empresas aplicando parte de seus recursos de caixa, anteriormente investidos com parcimônia e privilegiando a previsibilidade, em ações e outros ativos de risco.

Não cabe aqui refletir sobre os fundamentos que dão base à atual performance dos mercados ou à probabilidade de isso continuar ocorrendo, mas apenas de ressaltar que as tendências comportamentais descritas devem ser vistas à luz do fato de que a alta dos ativos de risco brasileiros já estende-se por quatro anos e meio. Essa alta tem ocorrido com relativa estabilidade em sua tendência quando observamos os retornos anuais, sendo raros os meses onde ocorreram variações negativas nesse período. A Representatividade impele o investidor a acreditar na continuidade de tal tendência.

Paralelamente, a percepção de acertos sucessivos pelo investidor que migrou ao menos parte de seus recursos ao longo desse período faz com que tenha a tendência de superestimar sua capacidade de prever a continuidade desse movimento, o qual é fortemente influenciado pelos retornos positivos recentemente observados. Ademais, a forma sustentada que a atual alta tem assumido contribui para que o investidor atribua a uma causa humana, isto é, a si mesmo, o crédito pelos acertos observados. Mesmo com a turbulência recente dos mercados, o Ibovespa continua apresentado retorno superior ao CDI no acumulado do ano.

A ciência comportamental também demonstra que temos uma tendência a assumir um otimismo exagerado quando lidamos com nossa própria sorte. Por exemplo, tendemos a achar que a chance de sofremos um acidente é inferior a de nosso vizinho, ainda que isso implique em acreditarmos que a teoria das probabilidades não se aplica em nosso caso pessoal. No universo do investimento, esse fenômeno faz com que concentremos a atenção no potencial de alta dos ativos, subavaliando a possibilidade de baixa. Kahneman e Thaler (1999) chegaram à conclusão abaixo ao perguntarem a 1.053 investidores: "Ao pensar em seus investimentos, você pensa mais na possível alta ou baixa?"

- Muito mais tempo na alta: 39%
- Mais tempo na alta: 35%
- O mesmo para ambos: 19%
- Mais tempo na baixa: 6%
- Muito mais tempo na baixa: 1%

Ou seja, 74% sofrem do chamado viés de otimismo e geralmente são os mesmos que realizam saques de suas aplicações de risco ao primeiro sinal de realização do mercado. Aquele que se deixa levar por tais tendências comportamentais atua de forma semelhante ao técnico de basquete que, a dez segundos do final de uma partida empatada, pede para seu melhor jogador passar a bola a um reserva que, ao entrar na quadra, teve a sorte de acertar algumas cestas seguidas.


Enviado por Ricardo Viana

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