quinta-feira, fevereiro 19, 2009

Comportamento e Fusão

Historicamente, as fusões nos Estdos Unidos tem sido julgadas sob o prima do que alguns chamam de hipótese do Homem Econômico. Sob este pensamento, reguladores tentam determinar o impacto da competição assumindo que empresas irão agir logicamente, racionalmente e no seu próprio interesse – uma variação da mão invisível de Adam Smith.

Mas existe um movimento crescente na comunidade antitruste para mudar esta teoria de escolha racional da economia neoclássica em favor da economia comportamental. Sob esta escola de pensamento – parcialmente apoiada pelo chefe do conselho econômico de Obama, Lawrence Summers, economistas examinam como as pessoas realmente agem fazendo decisões.

Wall Street, prepare for another headache: stepped-up antitrust enforcement.
18 February 2009 - The New York Times - National Edition - 2

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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

A racionalidade dos presentes

Alguns trabalhos já analisaram os presentes sob a ótica da racionalidade econômica (aqui e aqui, por exemplo). A conclusão destes trabalhos, para os economistas clássicos, é que dar presentes não é racional. Na realidade, o ato de presentear introduz, na economia, ineficiência. O mais adequado seria dar o dinheiro para quem desejamos agradar e esta pessoa decidiria aquilo que gostaria de comprar.

Em certo sentido, a instituição da vale presente por algumas lojas resolve um pouco este problema, desde que o objeto necessário esteja no estoque da empresa.
Entretanto, apesar da posição da teoria, as pessoas continuam usando o ato de presentear em diversas ocasiões: aniversário, casamento, natal, dia das mães e dias dos namorados.

Suponha, por exemplo, um presente para a namorada. E se em lugar de comprar um vestido ou uma jóia o namorado desse o valor corresponde, digamos R$200, em dinheiro?
Isto provavelmente seria classificado com um gesto não romântico. Mas existem algumas razões para que o ato de presentear seja “racional”. Em primeiro lugar, presentear representa uma sinalização por parte do namorado. É como se ele pudesse dizer: “eu posso oferecer mais para você”. É um gesto remoto aos tempos da caverna, mas que ainda é válido nos dias de hoje.

Segundo, certos presentes podem ser considerados, cinicamente, um investimento. Considere a escolha entre o convite para o jantar num restaurante caro ou, como alternativa, o dinheiro que seria consumido na refeição. Mas sair representa mais do que o consumo de um serviço. Existe também o tempo gasto e isto pode ser considerado como um custo de oportunidade: em lugar de assistir a um futebol na televisão, o jantar romântico.

Terceiro, existe uma norma não escrita que se deve presentear nestes dias. Por isto as pessoas usualmente o fazem. Caso você rejeite esta norma social, isto pode comunicar que você também seria capaz de rejeita outras normas sociais.
Finalmente, ser uma pessoa “racional”, sob a ótica econômica, é comunicar ao parceiro que você observa a relação sob uma ótica utilitarista e interesseira. Para a outra pessoa, isto significa comunicar que você deixaria a relação quando não seria mais interessante.

Esta é mais uma situação onde a análise dos modelos de racionalidade da economia não funciona.

Para ver mais, aqui, aqui e aqui.

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Comportamento no restaurante

As pessoas tendem a comer mais em grupos do que quando estão sozinhos, pois imitam os hábitos alimentares de outros. Mas há alguns indícios de que a quantidade de comida que alguém consome é uma função linear do número de pessoas sentadas com eles.
Fonte: Aqui

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quinta-feira, fevereiro 12, 2009

Voluntários em fins lucrativos

(...) No entanto, recrutar voluntários para iniciativas com fins lucrativos pode criar problemas. Durante séculos, os seres humanos aprenderam a distinguir duas economias: a social e a de mercado. Os convidados para um jantar, por exemplo, satisfazem as obrigações sociais levando aos seus anfitriões uma garrafa de vinho. Mas Dan Ariely, professor de economia comportamental da Fuqua School of Business da Duke University e autor do livro "Previsivelmente Irracional: Como as Situações do Dia-a-Dia Influenciam Nossas Decisões", diz que seria uma intromissão chocante da economia de mercado se os convidados levassem aos anfitriões um cheque, em vez do vinho.

Os administradores que trabalham na economia da mão-de-obra gratuita precisam ter esses dois mundos em mente. Recrutar trabalhadores apelando para seu lado social e invocando sua generosidade ou espírito comunitário, para depois ganhar dinheiro em cima deles, pode desencadear uma reação adversa. Isso pode manchar suas reputações na mesma velocidade que um voluntário furioso leva para atualizar seu blog. "Trata-se de uma linha muito delicada", diz Ariely, "e o ambiente de trabalho moderno está bem no meio." (...)

(Tradução de Mário Zamarian) Onde ninguém trabalha por dinheiro
12/2/2009 - Valor Econômico

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terça-feira, fevereiro 10, 2009

O Empurrão

O destaque dos últimos dias em finanças comportamentais tem sido a questão do empurrão. O livro Nudge, de Thaler e Sunstein, despertou discussões, mas tornou-se destaque mesmo quando Obama, o atual presidente dos EUA e também professor da Universidade de Chicago, levou para o governo Sunstein.

A situação que melhor ilustra o empurrão é o caso do banheiro masculino do aeroporto de Amsterdã. Um dos problemas dos sanitários masculinos é a dificuldade que certos homens possuem em acertar o alvo. O aeroporto de Amsterdã conseguiu melhor o nível de acerto desenhando nos vasos uma pequena mosca. Este desenho atrai a atenção do usuário e melhora sua pontaria.

Particularmente prefiro a questão da doação dos órgãos, que pode ser melhorada num país alterando o default. Hoje, quando um brasileiro morre, os seus órgãos somente são utilizados quando existe a autorização expressa da família ou do indivíduo. Este é o default. A proposta é alterar para tornar automático a doação, a não ser que a família ou indivíduo se oponha.

Em When Humans Need a Nudge Toward Rationality (New York Times, 7/2/2009), Jeff Sommer faz um breve resumo da questão do empurrão. Sommer destaca muito a evidenciação, como um papel chave no processo.

Já em Online Competition Searches for ´Nudges´ That can lead to better health (States News Service, 9/2/2009) anuncia-se um concurso interessante: a Pioneer Portfolio da Robert Wood Johnson Foundation (RWJF) e a Ashoka’s Changemakers lançaram uma pesquisa para encontrar nudges que ajudem as pessoas a tomarem decisões corretas.

(Entre os jurados, Wellington Nogueira Santos, fundador dos Dotores da Alegria.)

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A Morte do Homem Racional

Um dos profetas da crise, Nouriel Roubini, que desde 2006 alertava sobre a possibilidade de um colapso no sistema financeiro, considera a relevância das finanças comportamentais na explicação dos problemas da economia mundial.

Em The Death of 'Rational Man' , David Ignatius, do The Washington Post (8/2/2009, B07) destaca o papel da leitura dos números, em especial do preço dos imóveis nos Estados Unidos, e as dicas de finanças comportamentais.

Quanto ao segundo ponto, a conclusão é simples: a teoria do homem racional não está funcionando, disse Roubini numa sessão do Fórum de Davos. E ele e outros economistas estão prestando mais atenção na questão comportamental, que inicia com as suposições sobre decisões econômicas.

Let me put in a plug here for the godfather of behavioral economics, John Maynard Keynes. His 1936 "General Theory" is often interpreted simplistically as a call for fixing recessions by boosting demand with government spending. But at a deeper level, Keynes was analyzing the role of psychological factors, such as greed and fear, in economic decisions. He understood that markets freeze when people panic and start hoarding cash. ("Extreme liquidity preference," he called it.) Conversely, economies start to roar when investors feel a surge of what Keynes called "animal spirits."

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sexta-feira, fevereiro 06, 2009

Ações e livros

(...) Há uma maneira de usar todos esses livros em proveito próprio: ignorar o tom soturno. Estudo publicado pelo "Journal of Behavioral Finance" constatou que as ações têm desempenho melhor depois da publicação de livros financeiros de tom mais pessimista do que quando títulos mais otimistas são publicados. "Se você for à seção de negócios de uma livraria e tudo estiver otimista, é hora de tomar cuidado", diz Larry Speidell, diretor de investimentos da Frontier Market Asset Management de La Jolla, na Califórnia, e coautor do estudo.
(...)

Lançamentos nos EUA se adaptam à crise
5/2/2009
Valor Econômico


Tenho uma teoria: quando o mercado acionário é objeto de capa de revista semanal, destacando pessoas que enriqueceram aplicando na bolsa, é hora de fugir do mercado.

terça-feira, fevereiro 03, 2009

Grandes números fazem diferença

Qual a sua preferência: 5 reais ou 500 centavos? Pense bem.

Racionalmente as pessoas seriam indiferentes, mas pesquisadores descobriram que existe uma grande chance da escolha de 500 centavos prevalecer sobre 5 reais.
A conclusão chegou após as pessoas serem submetidas ao famoso dilema do prisioneiro. Neste problema da teoria dos jogos a tendência é a longo prazo existir cooperação entre as pessoas.

When the reward for cooperation was increased to 300 cents from 3 cents, the researchers found, the level of cooperation went up. But when the reward went from 3 cents to $3, it did not.

While the test measured how bigger numbers increased cooperation, the lesson is also likely to apply to enticements to people to defect, Dr. Opfer said.
The findings are in keeping with studies on how the brain handles calculations involving quantity. Studies have found that people tend to overestimate differences between small quantities and underestimate differences between large ones.

Fonte: Behavior: $1? No Thanks. 100 Cents? You Bet, ERIC NAGOURNEY, New York Times