quinta-feira, outubro 30, 2014

Adiantar ou atrasar

As boas notícias são antecipadas pelos executivos, com reflexos na data de divulgação das demonstrações. Já as más notícias são atrasadas. A explicação é comportamental:

Várias teorias tentam explicar esse fenômeno, mas talvez a melhor seja a que afirma que é da natureza humana querer que algo bom aconteça logo e que as coisas menos positivas, ou ruins, fiquem para depois. Da mesma maneira, nota-se haver uma maior reavaliação dos números pelos contribuintes que calcularam dever inesperadamente mais ao fisco, enquanto as grandes restituições provavelmente encontram seu caminho mais rapidamente para o correio. (...) A parte mais interessante do estudo é que, apesar de tudo isso ser muito intuitivo, os investidores realmente não reagem totalmente às expectativas de que a antecipação de um anúncio de resultado seja uma coisa boa, e o adiamento, o prenúncio de uma coisa ruim.

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terça-feira, outubro 28, 2014

Você não é tão esperto quanto pensa



Quando você demora muito para ler um livro existem duas possíveis explicações. A primeira e mais óbvia é que este livro é pouco interessante e realmente não prende a atenção. A segunda razão é que a obra gera tantas reflexões que você sente a necessidade de parar para ganhar fôlego, antes de continuar. O livro “Você não é tão esperto quanto pensa”, de David Mcraney, enquadra-se no segundo caso. É um livro muito bom e com uma estrutura bastante agradável. Nas suas duzentas e poucas páginas, Mcraney apresenta 48 maneiras de se autoiludir. Adquiri o exemplar do livro durante as férias de julho, ao encontrar por acaso com a obra na livraria do aeroporto. E somente agora terminei a leitura.

Em cada um dos 48 capítulos, o autor apresenta o equívoco, logo a seguir a verdade e depois uma explicação, baseada em pesquisas científicas, para o engano. Veja por exemplo a falácia do mundo justo (capítulo 18). O equívoco é imaginar que as pessoas que estão perdendo no jogo da vida devem ter feito algo para merecer. A verdade é que as pessoas com sorte geralmente não fazem nada para merecê-la e as pessoas más geralmente se safam sem sofrer as consequências. Nós fingimos que o mundo é justo. Mcraney não dá esperança: o mundo é injusto. Corruptos irão morrer nas suas mansões sem pagar pelos seus crimes, políticos sem escrúpulos continuaram sendo eleitos e reeleitos, aquele motorista que ocupa a vaga do deficiente não será multado e assim por diante. Você é um tolo em acreditar na justiça do mundo, afirma o autor.

Vale a pena? Muito. É um dos melhores livros que já li na área comportamental. Leitura fácil, com capítulos curtos, o texto é atraente para aqueles que buscam um livro para ler aos poucos. É bem verdade que em algumas partes fica a sensação de “já li isto antes”. Mas isto é decorrente a área que está sendo expandida com novas pesquisas e discussões.

MCRANEY, David. Você não é tão espero quanto pensa. Leya, 2012.

Evidenciação: a obra foi adquirida pelo blogueiro com recursos próprios.

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domingo, outubro 26, 2014

Criação e Economia

Em 2011 Amy Chua começou um debate interessante: como o tipo de criação poderia interferir no futuro da criança? A discussão consagrou o termo “helicopter pareting” indicando um novo tipo de paternidade, onde os pais pairam sobre suas crias, guiando e protegendo-os.

Dois autores associaram o estilo de criação predominante em cada país com a economia. De um lado, pais que usam a coerção, impondo escolhas a seus filhos, num estilo autoritário; de outro lado, pais que usam a persuasão, tentando induzir as escolhas. Os autores acreditam que o estilo possa influenciar o coeficiente de Gini, que é uma conhecida medida de desigualdade social. Usando os países mais ricos do mundo, eles encontraram algumas relações interessantes. Entre elas destaco o seguinte gráfico:
Este gráfico mostra a importância que os pais indicam para o trabalho duro. Esta maneira de pensar é importante para os estadunidenses, que possuem elevada desigualdade, mas não é relevante para os escandinavos (Suécia, Noruega e Finlândia), onde o Gini é menor.

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Felicidade

Ao contrário dos pensamentos, as emoções não vivem inteiramente na mente; elas também estão associados com as sensações corporais. Graças a um novo estudo, pela primeira vez temos um mapa das ligações entre emoções e sensações corporais. 

Pesquisadores finlandeses induziram emoções diferentes em 701 participantes e, em seguida, coloriram num mapa do corpo onde eles sentiram aumento ou diminuição da atividade. Abaixo estão os mapas do corpo para seis emoções básicas.  
O amarelo indica o nível mais elevado de atividade, seguido do vermelho. O preto é neutro, enquanto o azul e azul claro indicam baixa e muito baixa atividade, respectivamente. 

É fascinante que a felicidade é a emoção que enche todo o corpo com atividade, incluindo as pernas, talvez indicando que pessoas felizes se sentem prontas para entrar em ação.

Adaptado daqui

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terça-feira, outubro 21, 2014

O silêncio das mulheres

Para medir o grau com que as mulheres ficam em silêncio, [eu] parti dos quase 1 milhão de comentários feitos no site do New York Times em resposta a artigos publicados entre junho de 2013 e janeiro de 2014, e apenas 25% dos comentários foram feitos por mulheres, mesmo embora 44% dos leitores do New York Times são do sexo feminino . (Eu inferi o sexo do autor pelo seu primeiro nome usando uma lista de 40.000 nomes internacionais para cerca de metade dos comentários. Eu filtrei gênero os nomes ambíguos como "Pat", bem como iniciais e pseudônimos.) As mulheres constituem a maioria apenas em cinco dos 144 fóruns (...): o Blog Motherlode (79% mulheres), o blog de New Old Age (70%), a seção Moda / Casamentos (63%), o o blog Diner (53% ), e as páginas Projetos (52%). As mulheres eram mais propensas a comentar artigos escritos por mulheres (...)

Raro, mas valorizado

(...) As mulheres fizeram apenas 18% dos comentários do fórum de futebol, por exemplo, mas cada comentário de uma mulher recebeu 39% mais recomendações que a média. Para os homens, vi o efeito oposto: quanto mais machista o artigo, a menos recomendações os homens receberam. (...)

Inclinando-se para fora

Mas também vi algo menos animador: [comentários d] as mulheres podem ser raras em parte porque eles são menos confortáveis. As fêmeas que comentam são significativamente menos propensos a incluir seus sobrenomes, o que está de acordo com uma pesquisa anterior em que as mulheres se preocupam mais com a privacidade on-line , já que eles são mais propensas a enfrentar assédio . (...)

Perspectiva Vital

(...) As mulheres eram mais propensas a usar frases relacionadas à família, educação e saúde. Elas também eram mais propensas a usar frases específicas do sexo feminino ("mama", "misoginia", "gravidez"), bem como frases relacionadas a questões que afetam desproporcionalmente as mulheres ("controle de natalidade", "violência doméstica").

Em um artigo sobre a necessidade de os empregadores a fornecer contracepção , 26% dos comentários dos homens se opôs à exigência, mas nenhum dos comentários de mulheres que examinei o fez. Ou considere a carta aberta em que Dylan Farrow acusou Woody Allen de abusar sexualmente dela. As mulheres foram significativamente menos propensos a incluir um link para uma refutação das alegações de Farrow em seus comentários. (...)

O que acontece quando as mulheres ficam em silêncio

(...) Parece muito mais plausível que as mulheres são raras [em comentários] por causa das forças sociais mais amplas. Estudos mostram que as mulheres são menos inclinadas a falar ainda na infância; estudos sobre a participação das mulheres em fóruns on-line encontrar grandes sinais de desigualdade. Os efeitos que observamos são, portanto, susceptíveis de ocorrer em outros lugares também.

(...) Nós vemos as consequências deste [mundo] não apenas quando as mulheres comentam no New York Times, mas quando uma mulher que foi violentada sexualmente permanece em silêncio em vez de comunicar o crime a um departamento de polícia dominado por homens; quando um Congresso historicamente masculino não aprova uma legislação para proteger as vítimas de violência sexual nos campi universitários ;quando as mulheres no serviço militar dominado por homens são mais propensas a ser estupradas por outros soldados do que morreram pelo fogo inimigo .

Precisamos de mulheres para falar porque esses problemas ficam sem solução se ficar em silêncio. Precisamos delas para falar por causa de meio milhão de comentários que mostram que elas têm algo importante a dizer.


Adaptado: Daqui

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quinta-feira, outubro 09, 2014

Teoria do Grande Homem

(...) Mas o fato de esses bilhões irem para lá e para cá com base na movimentação de uma pessoa é mais bem explicado pelo marketing e pela simples autoilusão. A lógica operacional que está por trás de boa parte disso parece se assemelhar à velha teoria da história do Grande Homem, que atribui a determinados indivíduos excepcionais capacidades fora do comum de moldar os acontecimentos. 
Trata-se de uma visão de mundo sedutora, que nos reveste da falsa convicção de que nós também podemos nos proteger dos acontecimentos se escolhermos o líder certo, ou, nesse caso, o gestor de fundos de bônus certo. 

(...) Depender de um único cara não é o caminho para poupar para o futuro, e diz coisas perturbadoras sobre a maneira pela qual alocamos capital. Ser um Grande Homem é, no entanto, uma grande proeza, para quem consegue realizá-la.

James Saft, O caso Bill Gross e a teoria de investimentos do Grande Homem, Reuters, via Valor Econômico

Isto não é exclusivo da área financeira. Também se aplica a esportes, artes, etc.

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segunda-feira, outubro 06, 2014

Horário de Verão e o Mercado Acionário

Uma investigação conduzida na Universidade de Brasília mostrou que o horário de verão também influencia no mercado acionário. De 1994 até hoje, o retorno médio diário das ações negociadas no mercado acionário foi de 0,05%. Já considerando somente o primeiro dia do horário de verão este retorno é de 1,13%. Ou seja, há uma valorização do preço das ações das empresas quando começa o horário de verão. Este valor é considerado estatisticamente diferente. 

Leia o texto completo aqui

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