quinta-feira, maio 24, 2012

Poder da Voz


Num dos primeiros episódios da série Lie To Me, o doutor Cal Lightman assiste na televisão um executivo dar uma declaração sobre a boa situação que se encontra sua empresa. Como um grande especialista em mentiras, o doutor Lightman percebe que o executivo está blefando e pede ao seu corretor para vender as ações que ele possui daquela empresa.

Lightman é baseado nas pesquisas realizadas por Paul Ekman, um cientista que estuda as expressões faciais. Um dos seus livros foi traduzido como A Linguagem das Emoções pela Leya Editora.

Aqueles que lidam com a contabilidade sabem que muitas vezes as informações contábeis não expressam toda verdade sobre o desempenho de uma empresa. Os pesquisadores, nos últimos anos, estão buscando alternativas para os dados quantitativos.

Dois pesquisadores da Duke University, William Mayew e Mohan Venkatachalam, fizeram uma pesquisa diferente para descobrir o processo de comunicação durante a divulgação dos resultados das empresas: eles analisaram a voz dos gestores. As pesquisas em outras áreas mostra que as pessoas mudam a voz conforme o estado emocional.

Usando um software de análise de áudio, os pesquisadores selecionaram as apresentações dos resultados por parte dos gestores no ano de 2007. O programa permite verificar a reação na voz. E o resultado foi surpreendente: a voz humana dos administradores produz muita informação sobre a empresa. Parte da reação é decorrente da real situação da empresa.

A pesquisa foi um pouco além: comprovou que os investidores são influenciados pela variação provocada pela voz e que isto possui consequências no desempenho das ações no mercado acionário.

Apesar do estudo ter sido publicado no prestigioso The Journal of Finance de fevereiro de 2012 (o primeiro artigo do ano), existem algumas limitações, destacadas no próprio artigo. De qualquer forma, a pesquisa abre algumas possibilidades de investigação sobre a comunicação verbal de informações financeiras.

Leia mais:
The Power of Voice: Managerial Affective States and Future Firm Perfomance. The Journal of Finance, vol. LXVII, n. 1. P. 1-44