Justificativa racional para uma decisão irracional
Quando as pessoas se comportam de maneira “errada” elas buscam
uma forma de justificar seu comportamento com desculpas aparentemente racional.
Um político indica um parente para um cargo, justificando que ele é competente;
o chefe promove a funcionária bonita pelo fato dela trabalhar melhor; o médico
nazista que matou judeus no campo de concentração justifica sua atitude dizendo que seu experimento científico ajudaria a humanidade; o
morador que não fala com o vizinho negro, pois ele é corintiano; e você, que
compra a Playboy para ler seus artigos.
Este é exatamente o título do artigo de Zoe Chance e Michael
Norton, da Harvard Business School: I read Playboy for the articles. Para isto,
Chance e Norton usaram um experimento com duas revistas para verificar se uma
decisão é baseada em critérios “questionáveis” que aparentam serem racionais.
Usando duas revistas de esportes, ambas com mesmo número de
prêmios de jornalismos e tamanhos aproximados. Mas numa revista existia mais
textos sobre esportes que outra. Para um grupo, os pesquisadores fizeram
acompanhar para outra revista uma edição especial com mulheres de biquínis. Os
participantes escolheram a segunda opção.
O interessante é que foi solicitado aos participantes apresentarem
uma justificativa para escolha. Os participantes não justificaram o óbvio: a
presença de mulheres em trajes sumários. Outros critérios foram usados para
justificar as escolhas.
Para os pesquisadores, os resultados encontrados por Chance
e Norton são um alerta para não acreditarem nas justificativas apresentadas
pelos entrevistados. Mesmo que não exista uma intenção clara de enganar na
resposta, o ser humano parece tentar buscar justificativas “racionais” para defender
suas escolhas irracionais.
Leia mais: CHANCE, Zoe; NORTON, Michael. “I read Playboy for the articles”: justifying
and rationalizing questionable preferences.
Marcadores: irracionalidade, justificativa, racionalidade
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