domingo, julho 31, 2011

Emoção ao investir

Efeito manada, excesso de otimismo, aversão à perda, autoconfiança exagerada. Esses são alguns sintomas comuns em investidores e que têm sido foco de diversos estudos ao redor do mundo sob o tema das finanças comportamentais.


Despertar a consciência do investidor sobre os sintomas psicológicos que surgem a partir da relação com investimentos e dinheiro é uma maneira de aguçar a razão e evitar que a emoção influencie nas decisões, segundo especialistas.


De acordo com dados levantados pelo banco Santander, 40% dos clientes que fizeram cursos ou participaram de palestras sobre finanças comportamentais obtêm melhores rentabilidades nos investimentos.


"Isso ocorre porque o investidor percebe que é preciso raciocinar antes de tomar a decisão e não simplesmente fazer porque os outros fizeram", analisa Vera Rita de Mello Ferreira, psicanalista especializada em psicologia econômica e autora de dois livros sobre o tema.


Aquiles Mosca, estrategista de Investimentos Pessoais do Santander, cita um estudo da Universidade de Cambridge para comprovar a falta de racionalidade que há na relação com os investimentos. "O maior medo do ser humano é falar em público. Em segundo lugar está a morte. E a terceira aflição é o futuro financeiro. Se há esse medo, há emoção em excesso."


Aconselhamento. Um levantamento da Infomoney feito com centenas de brasileiros mostra que somente 4,75% dos investidores tomam decisões com base na opinião de profissionais especializados; 30,71% decidem unicamente por sua própria análise; 22,57% são pouco influenciados pela soma de análises próprias e profissionais; e 41,97% ponderam as opiniões de conhecidos e as percepções próprias.


Para Bernardo Nunes, que está desenvolvendo uma tese de doutorado sobre finanças na Nova School of Business Economics de Lisboa, o investidor que passa a conhecer "os vieses e desvios da racionalidade mais comuns pode evitar uma boa parte das perdas e passa a lidar com o assunto finanças de uma forma mais eficaz".


Institucional. Os estudiosos do assunto afirmam que já há uma incorporação do tema nos escopos mais tradicionais da economia, apesar de ainda haver preconceito dos economistas mais antigos. "Depois da crise financeira de 2008, certamente as finanças comportamentais ganharam ainda mais relevância", diz Vera Rita.


O próprio Santander é um exemplo de incorporação do tema. Há pouco mais de dois anos, as finanças comportamentais são tema de cursos e palestras do banco. "Há benefícios ao banco. Por exemplo, 12% dos clientes que participam desses cursos e palestras tornam-se mais promotores do banco", conta Mosca.


Nunes conta que Áustria, Inglaterra, Holanda e Suécia são os países mais avançados nesse processo em termos acadêmicos. "Na psicologia econômica como um todo", diz.


Especificamente sobre as finanças comportamentais, que são um braço da psicologia econômica, os Estados Unidos lideram a incorporação, tanto no meio acadêmico quanto no prático, de acordo com Nunes.


"Nos Estados Unidos, as certificações profissionais de finanças, como a CFA, incorporam questões de finanças comportamentais nas provas", explica. "No Brasil, o assunto também já é tratado na certificação CGA, da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais)", exemplifica.

Conhecimento ajuda a domar a emoção ao investir - Roberta Scrivano - O Estado de S.Paulo - 4 de out de 2010

quinta-feira, julho 28, 2011

Líderes

Um texto interessante mostra como surgem os líderes:

(...) Para simular o surgimento de líderes, cientistas construíram modelos matemáticos baseados em um jogo conhecido entre os teóricos como "guerra entre os sexos". Imagine um casal em que ambos desejam encontrar o parceiro todas as noites, mas estão impedidos de se comunicar. A única coisa que o homem sabe é que a mulher gosta de ir todas as noites ao bar A. E a única coisa que a mulher sabe é que o homem gosta de ir todas as noites ao bar B.


Se a cada noite ambos forem aos seus bares preferidos, nunca irão se encontrar. Se ambos abrirem mão de seu bar preferido e forem ao bar do parceiro, tampouco vão se encontrar. Para haver um encontro é necessário que um seja turrão e não abra mão de sua preferência e o outro abra mão de seu bar.


Agora imagine que o casal pratica esse jogo todas as noites e a única informação que cada um dispõe para decidir onde ir na noite seguinte é o comportamento do parceiro na noite anterior. Se o incentivo para o casal se encontrar todas as noites for alto (eles se amam), a melhor estratégia para o par é que um se torne o líder (vá ao bar que prefere) e o outro se torne liderado (vá ao bar preferido pelo parceiro). Com essa estratégia eles se encontrarão todas as noites (e serão felizes para sempre).


Nesse jogo, líder e liderado não precisam se comunicar para definir seus papéis, mas é preciso que um dos membros seja turrão e o outro, mais compreensivo, de modo que o objetivo dos dois (namorar) seja atingido. O turrão se tornará o líder, o outro, o liderado.


Usando esse modelo, extrapolando essas condições para populações grandes em que essas interações ocorrem de maneira repetitiva, e imaginando que o sucesso reprodutivo de cada membro é proporcional à sua capacidade de encontrar o parceiro, os cientistas construíram modelos matemáticos capazes de simular, variando os diferentes parâmetros, o surgimento de líderes e liderados. O resultado mostra que a partir de uma população homogeneamente "turrona", basta ocorrer uma mutação que aumente ou diminua o grau de intransigência de um membro para que em poucas gerações a população se divida em poucos líderes e muitos liderados.


A velocidade com que essa mudança ocorre depende de dois fatores. Primeiro, quão vantajoso para o grupo é a ação conjunta; segundo, qual o grau de frustração que o liderado tem de tolerar para seguir o líder. Se uma zebra sempre for morta pelo leão ao não acompanhar o grupo, os genes "separatistas" dessa zebra serão rapidamente eliminados. O mesmo ocorre com o rapaz que se recusa a ir ao bar aonde vão todas as moças.

Fernando Reinach - O Estado de S.Paulo - A origem dos líderes - Estado de São Paulo - 28 de julho de 2011

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domingo, julho 24, 2011

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quinta-feira, julho 21, 2011

Pacientes e Esportes

O gráfico mostra o que ocorre numa emergência de um hospital durante a transmissão de um jogo de hockey no Canadá.

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Gorjeta e Qualidade do Serviço

Gorjeta supostamente deveria constituir um incentivo para garçons fornecerem um serviço excelente.




De acordo com um estudo apresentado no Planet Money, no entanto, o tempo quente e um ambiente divertido - um navio de cruzeiro ou um bar - são os fatores que realmente levam a uma boa gorjeta. As pessoas dão grandes gorjetas quando estão de bom humor. 




As pessoas também dão dinheiro quando sente pena do garçom.



Via aqui

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quarta-feira, julho 20, 2011

Pedra, Papel e Tesoura é um jogo de sorte e azar?



O jogo de “pedra, papel e tesoura” é muito conhecido e até crianças jogam. É um jogo de duas pessoas em que cada uma delas deve escolher, sem que a outra saiba, entre “pedra”, “papel” e “tesoura”. Quando começar a disputa, os dois adversários devem apresentar, com gestos das mãos, se escolheu um desses. Pedra vence tesoura; tesoura vence papel; e papel vence pedra.



Se você pensou em colocar “pedra” e seu adversário colocar também “pedra” o jogo terminou em empate; se o adversário colocar papel, você perdeu; e se o oponente escolheu tesoura, você ganhou. Ou seja, o jogo tem 1/3 de chance de empate e 1/3 de chance de vitória para um dos lados.



Pesquisas recentes mostraram que talvez estas chances não sejam tão exatas. A decisão de cada jogador termina sendo afetada pelo movimento do outro lado. Uma pesquisa realizada na University College de Londres com este jogo sendo feito com os participantes de olhos vendados, o empate aconteceu em 33,3% dos casos ou 1/3 dos casos. Exatamente como previsto na teoria.



Entretanto, quando os pesquisadores retiraram a venda, o número de empates aumentou para 36,3% dos casos. A explicação para este aumento no número de jogos sem vencedor, segundo os pesquisadores, deve-se a tendência natural, e as vezes inconsciente, que temos de imitar os outros.  A imitação muitas vezes não é consciente e voluntária. Observe que neste jogo para vencer é necessário não imitar a outra pessoa.



Via aqui (com sugestões de estratégias para vencer no jogo)


terça-feira, julho 19, 2011

Homem e Mulher


A figura acima apresenta uma propaganda da Nike (observem com atenção que a mulher está com tênis desta empresa). Uma pesquisa sobre o comportamento do gênero e a propaganda mostra alguns aspectos interessantes. Ao mostrar esta fotografia para homens e mulheres notou-se diferença na atenção.

Ambos observam muito a face da modelo. Os homens também observam outra parte da propaganda (não é necessário dizer qual). Já as mulheres também focam sua atenção para coxa e para o calçado.

Enquanto o homem gastou em média 4,18 segundos observando a face da modelo, as mulheres passaram 3,01 segundos neste detalhe. O segundo ponto de maior observação na foto teve mais tempo de observação do homem (1,57 segundo, bem abaixo do tempo olhando o rosto) do que da mulher (1,05 segundo). Os homens olharam 0,95 segundo para o sapato versus 1,49 segundo das mulheres.

Parece mentira? Veja outra figura abaixo. Novamente uma mulher atraente, agora numa praia, de biquíni. Os homens gastaram bem mais tempo olhando o rosto da modelo (2,28 segundos versus 1,61 segundo), tempo quase igual no tronco (1,23 versus 1,28), mas menos tempo nas pernas (0,52 versus 0,65) e nos textos.

Fonte: aqui

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segunda-feira, julho 18, 2011

Efeito Beleza

Londres, dia 19 de maio de 2011. Na conferência anual da Royal Economic Society, realizada na Universidade de Londres, dois economistas israelenses causaram comoção ao apresentar um estudo realizado em 2010. Eles mostraram, por meio de números, que a beleza ajuda homens e prejudica as mulheres na hora da seleção para um emprego. "Nossa pesquisa chamou bastante atenção dentro e fora da conferência", diz o economista Ze’ev Shtudiner, um dos responsáveis pelo trabalho (leia mais na entrevista abaixo).

A reação trouxe de volta a discussão: a beleza ajuda ou atrapalha no mercado do trabalho? O assunto vem sendo abordado desde a década de 1970, com pesquisas mostrando que os belos ganham mais e são promovidos mais rapidamente. A diferença agora, apontada pelos israelenses, é a questão da suposta discriminação das mulheres bonitas na hora da escolha, reduzindo suas chances de contratação em até 30%. A hipótese formulada para explicar os resultados é, no mínimo, polêmica. "Como a área de recursos humanos tem mão de obra predominantemente de mulheres, o motivo é a inveja feminina", afirma Shtudiner. (...)

Outros fatos apurados surpreenderam a publicitária [Juliana Penha Gomes, no seu trabalho de mestrado]. Todas as entrevistadas afirmaram que preferiam ter um gestor homem. "Pude perceber que elas associavam as mulheres a estereótipos de falsidade e inveja. Uma comentou que, quando a chefe era mulher, precisava pensar mais para falar e não podia ser direta, pois tinha medo de como seria interpretada." (...) (Quando ser bonita atrapalha a carreira - Estado de S Paulo - 10 de julho de 2011 - Empregos, p. 6)

Aqui  uma postagem anterior sobre o assunto. A questão do efeito beleza já foi discutida amplamente. Mas parece que as conclusões do texto acima contradizem a maioria das pesquisa, onde o efeito beleza é bastante favorável aos mais belos. As escolhas políticas são afetadas pela beleza. Particularmente fiz uma pesquisa com um aluno de graduação e constatamos que os candidatos mais belos são os mais votados. No Brasil. 

Na prostituição, as mais bonitas recebem mais, segundo pesquisa realizada no México e Equador. Isto também interfere na remuneração dos executivos. No mercado de trabalho foi constatado que os mais belos ganham mais (aqui também). Isto inclui a televisão.

Mas os mais belos possuem mais chance de obterem empréstimo e, olhem só, serem mal pagadores.

Algumas pesquisas sugerem que a beleza das russas deve-se a falta de mercado da beleza feminina no comunismo. Aqui uma discussão sobre a relação entre beleza e felicidade.

Outro efeito interessante é que as pessoas tendem a acreditar que são mais belas que a média, um viés conhecido como Efeito Lake Wobegon. 

(fonte da foto: aqui)

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