segunda-feira, março 31, 2008

Finanças Comportamentais: uma visão geral


O campo de finanças comportamentais (também conhecido como Behavioral finance e behavioral economics) nasceu na década de 70 do século passado com o trabalho de Kahneman e Tversky. Antes destes dois autores, diversos pesquisadores já destacavam a importância do aspecto comportamental nas decisões financeiras/econômicas (Smith, Keynes, etc).

Em 2000 Kahneman recebeu o Nobel de Economia (Tversky já tinha falecido).

Existem diversos temas interessantes para estudar na área. Os estudos estão divididos em três grandes grupos:

a) Heurística – As pessoas tomam decisões baseadas em regras informais, que não são obtidas por análise racionais. Um exemplo simples e muito comum diz respeito uma pessoa que leu que a inflação foi de 4% ao ano e não acredita. Ela baseia sua análise nos produtos que subiram de preço, mas deixa de lado os ganhos de produtividade (computador, telefone etc) ou redução de preços de produtos lançados recentemente (TV de Plasma, por exemplo). A inflação é um cálculo muito mais complexo do que alguns poucos exemplos pessoais.

b) Framing – é a maneira como o problema é apresentado influencia a decisão. É muito comum escutar a frase que a “essência é mais importante que a forma” para indicar que os investidores têm sua atenção voltada para os fatos cruciais de uma empresa. Algumas pesquisas mostraram que em diversas situações a “forma” é importante. Uma pesquisa conduzida no final do século passado, durante a “bolha da internet”, mostrou que quando as empresas mudavam seu nome, incorporando algo que lembrava tecnologia (como o termo “com” no nome), aumentava o preço da ação da empresa. A empresa era a mesma, sem nenhuma alteração. Mas a mudança no nome (forma) tinha influencia para os investidores

c) Ineficiências do mercado – o mercado reage muito abaixo ou acima do que deveria. Uma situação já estudada corresponde ao “efeito-manada”. O nome diz muito. Quando um investidor influente resolve sair do mercado, a reação da “manada” induz o mercado a uma queda muito acima do normal.

Existem algumas situações interessantes que já foram comprovadas pelas finanças comportamentais:

=> As pessoas possuem uma grande aversão à perda. Ou seja, as pessoas não gostam de perder e esta aversão às vezes é maior do que o ganho. Um investidor que apostou no mercado acionário. O mercado caiu, mas ele insiste em manter o dinheiro até pelo menos recuperar o que aplicou (nominalmente).

=> Custo perdido. As decisões devem ser tomadas com base no futuro, sendo que aquilo que ficou para trás é um custo perdido (e não deve ser considerado na decisão). Uma pessoa comprou um apartamento e fez uma reforma. Decidindo vender o apartamento, estipula o preço com base no valor de aquisição mais o que foi gasto na reforma. O que foi gasto no passado é considerado “perdido” (ou afundado) e não deve ser considerado na decisão. O que é importante é o valor de mercado.

=> Winner´s Curse (eu gosto de chamar de Vitória de Pirro, rei grego que venceu uma batalha, mas o seu exército foi quase totalmente destruído) – Num leilão, com muitos interessados, o ganhador é um perdedor. É contraditório, mas verdadeiro. Se várias pessoas avaliam um bem leiloado em 100 reais, o ganhador provavelmente fez um lance acima deste valor.

=> Efeito propriedade – as pessoas costumam valorizar muito acima do normal os bens de sua propriedade. Uma experiência famosa deu chocolate e café para um grupo de pessoas de forma aleatória. Sabia-se, de antemão, que metade preferia café e metade chocolate. Depois de distribuído o café e o chocolate, informou-se que poderia trocar o brinde. Poucos fizeram, mostrando um apego ao bem de sua propriedade. Um dono de um carro valoriza seu bem de forma excessiva

=> Apostar em ganhadores – Você leu um anúncio que informa que um fundo de investimento apresentou o melhor rendimento do mercado. Qual a sua decisão: (a) correria para aplicar neste fundo ou (b) aplicaria no fundo que rendeu muito abaixo do mercado? A decisão correta seria a segunda. Pesquisas realizadas mostraram que os fundos perdedores possuem maiores chances de serem vencedores nos próximo período. Existem várias razões para explicar isto: (a) o fundo ganhador conseguiu este feito graças ao acaso; (b) o mercado poderá observar com mais atenção o fundo ganhador e tentar antecipar sua decisão; (c) a atração de novos investidores torna difícil o fundo ganhador ter flexibilidade suficiente para ajustar ao mercado. Ou seja, a bola de cristal não funciona todo dia. Este efeito é conhecido como reversão à média.

Bibliografia sobre o assunto em língua portuguesa:

O livro “Proteja seu dinheiro de você mesmo”, da Editora Futura, de autoria de Belsky e Gilovich tenta aplicar Finanças comportamentais a situações diárias de investimento.

“Investimento sob Medida”, IBEP, é de Achiles Mosca, que escreve alguns artigos sobre o tema.

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quinta-feira, março 27, 2008

Warren Buffett investe como menina


Este é um título instigante de um texto do blog Motley Fool.

Não é um insulto. Pelo contrário, ao investir como uma menina ele se tornou o homem mais rico do mundo. Buffett possui uma abordagem diferente dos demais investidores, esperando o preço justo para comprar. E não pretende vender as empresas que investiu. A razão do título está na própria característica de investimento de uma mulher, que são listadas abaixo:

=> As mulheres investigam mais os investimentos do que os homens. Isto reduz a chance de tomar as "dicas" dos amigos, por exemplo;
=> Os homens comercializam com mais freqüência do que as mulheres, sendo mais confiantes. Por negociar mais, o lucro é menor em virtude do custo de transação e impostos sobre ganhos.
=> A rentabilidade das mulheres é melhor do que a dos homens numa pesquisa realizada pela Universidade da Califórnia
=> As mulheres não olham somente para os números ao investir, incluindo na sua análise a qualidade dos produtos, a ética e outros fatores
=> As mulheres são mais espertas que os homens para identificar empresas com potencial de crescimento futuro.

Uma alternativa para melhorar os ganhos de suas aplicações: deixe esta decisão com a sua mulher.

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Ilusão da Medida

Um exemplo interessante sobre a ilusão que uma medida pode provocar nas pessoas foi contada por Justin Wolfers em "Nominal Illusion: A Mistake or a Choice?".

Betsey chega em casa e diz que correu 8 quilômetros. Wolfers, depois de fazer algumas tarefas, disse que iria percorrer cinco milhas. O interessante é que Betsey é norte-americana e está acostumada com milhas, enquanto Wolfers é europeu, familiar a quilômetros. Wolfers perguntou a Bestsey por que mediu sua corrida em quilômetros. A resposta: para parecer que correu mais. Wolfers provavelmente falou em milhas para convencer seu corpo que a corrida não seria muito longa.

Este fenômeno já foi estudado em finanças comportamentais e diz respeito a ilusão provocada por uma medida. As magnitudes parecem diferentes quando usamos unidades diferentes. Uma derivação disto é a ilusão monetária. Se o governo concede um aumento de 3% no salário mínimo, quando a inflação foi de 5%, na realidade não ocorreu nenhum aumento real do salário. Mas se o governo decide cortar 2% do salário mínimo quando a inflação é zero a notícia parece muito pior. Na realidade é praticamente a mesma coisa.

Realizei, juntamente com Ludmila Souza, uma experiência sobre isto. Aqui para ter acesso a esta pesquisa.

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quarta-feira, março 26, 2008

Excesso de Confiança


O excesso de confiança é um dos itens mais interessantes das finanças comportamentais. A pesquisa clássica é a pergunta aos motoristas se eles estão acima ou abaixo da média dos outros motoristas quanto a sua habilidade no volante. Um percentual elevado responde que suas habilidades são superiores a da média, o que revela este excesso de confiança.

O excesso de confiança também pode ser conhecido como Lake Wobegon Effect. A seguir um texto sobre este assunto, publicado no Valor Econômico, e enviado por Ricardo Viana (grato):

O excesso de confiança nas decisões de investimento
Aquiles Mosca
Valor Econômico - 25/03/2008

Excesso de confiança diz respeito à sobreestimação das capacidades pessoais. Esse comportamento é sem dúvida aquele que possui maior número de estudos que confirmam sua existência e, para alguns pesquisadores, chega a ser o elemento de maior influência no processo decisório. Ele é observado em indivíduos que imaginam ter capacidade decisória superior à média da população. Diversas categorias profissionais já foram alvo de estudos sobre excesso de confiança e entre as mais afetadas pelo fenômeno estão psicólogos, juristas, empreendedores e profissionais do mercado financeiro.

A mensuração do excesso de confiança é, via de regra, feita por meio de questionários onde os pesquisados devem responder a algumas perguntas de variado grau de complexidade e, em seguida, avaliar a confiança (expressa em porcentagem) na resposta ou conclusão a que chegaram. Verifica-se excesso de confiança quando em uma população a proporção de respostas corretas é significativamente inferior ao grau de confiança médio.

Um dos pontos mais surpreendentes revelados por tais estudos é que o excesso de confiança cresce com o nível de complexidade da decisão que precisa ser tomada ou da pergunta a ser respondida. Estranhamente, quando as perguntas são muito simples, ou seja, questões que a maioria consegue responder sem problemas, o nível de confiança reportado é geralmente baixo. Os meteorologistas aparecem como a única categoria profissional que é capaz de julgar de maneira justa e correta a exatidão de sua capacidade de previsão e o acerto de seus prognósticos.

No mundo dos investimentos, excesso de confiança faz com que aplicadores acreditem compreender o mercado e serem capazes de antecipar flutuações de curto prazo, mesmo em circunstâncias de volatilidade extrema. Shiller (2000) recorre a um levantamento feito por ocasião da quebra da bolsa em 19 de outubro de 1987 para testar a hipótese de que investidores individuais e institucionais sofrem de excesso de confiança. Na semana seguinte à quebra de 1987, a equipe de Shiller enviou a um grupo de 620 investidores profissionais e amadores um questionário semelhante ao descrito acima. Resultado: 30% afirmaram pensar no dia da quebra do mercado saber exatamente em que nível voltariam a investir na bolsa. Entre os que compraram ações no dia da quebra, 48% acreditavam ser capazes de identificar com precisão o ponto mais baixo de preços para retomar suas compras de ações. Em 88% dos casos, a justificativa para tal certeza não se baseava em elementos objetivos, mas em sua "intuição de investidor".

Hilton, Biais, Mazurier e Pouget (2005) criaram um mercado experimental para estudar a influência desses traços de comportamento sobre a performance de carteiras de investimento. O alvo do estudo foram os estudantes da London Business School e da Universidade de Toulouse. Esse mercado era composto de uma única ação e os investidores precisavam avaliar se no período seguinte o dividendo a ser pago seria de 50 euros, 240 euros ou 490 euros e negociar a ação com base em suas expectativas.

Divididos em dois grupos, os estudantes recebiam uma única informação dizendo qual dos três dividendos não seria pago. Por exemplo, se o real valor do dividendo a ser pago era de 490 euros, a informação recebida por um dos grupos era de que o dividendo não seria de 50 euros. O outro grupo receberia a informação de que o dividendo não seria de 240 euros. Em seguida, abria-se mercado para negociarem a ação em nove pregões sucessivos. A cada negócio fechado, precisavam julgar se haviam feito um bom negócio e o nível de confiança que tinham no resultado obtido. Conclusão: 90% dos investidores acreditava no momento da negociação ter feito o melhor negócio possível, ao passo que os resultados efetivos revelaram que só 36% tiveram uma performance tão positiva, ou seja, houve um excesso de confiança generalizado.

Além disso, o estudo mostrou que, quanto mais um indivíduo sofre de excesso de confiança, pior é a performance de sua carteira quando comparada a outros investidores que possuem um nível de confiança menor e mais em linha com a realidade. No exercício, ao passo que o lucro médio por investidor foi zero (como em qualquer mercado a soma de lucros e perdas é sempre zero), os 25% de participantes melhor "calibrados" quanto à exatidão de confiança tiveram lucro de 131,40 euros. Já os 25% com excesso de confiança tiveram prejuízo de 147,70 euros.

Dentre os malefícios associados à tendência comportamental, temos que o investidor é levado a não utilizar toda informação disponível, confiar na intuição e crenças pessoais. Adicionalmente, o excesso de confiança leva-o a subestimar os riscos associados às modalidades de investimento, à superestimar o potencial de alta e o preço de aquisição, prejudicando a diversificação eficiente da carteira de investimentos.

Dessa forma, na hora de decidir onde e, mais importante, com quem investir, o aplicador deve também avaliar esse aspecto bastante intangível, mas relevante para o processo decisório e, conseqüentemente, para a performance da carteira. Desconfie de analistas e gestores repletos de certezas. A evidência empírica mostra que segui-los cegamente ou deixar-se levar pelo excesso de confiança resulta, apesar da grande sensação de confiança que é gerada no momento da decisão de investimentos, em perdas e arrependimento.

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terça-feira, março 25, 2008

Finanças Comportamentais segundo Greenspan


Segundo Zubin Jelveh este texto é o triunfo da behavioral economics. Greenspan reconhece os problemas da irracionalidade do mercado. Grifo meu.

We will never have a perfect model of risk
By Alan Greenspan
Published: March 16 2008, Financial Times

The current financial crisis in the US is likely to be judged in retrospect as the most wrenching since the end of the second world war. It will end eventually when home prices stabilise and with them the value of equity in homes supporting troubled mortgage securities.

Home price stabilisation will restore much-needed clarity to the marketplace because losses will be realised rather than prospective. The major source of contagion will be removed. Financial institutions will then recapitalise or go out of business. Trust in the solvency of remaining counterparties will be gradually restored and issuance of loans and securities will slowly return to normal. Although inventories of vacant single-family homes – those belonging to builders and investors – have recently peaked, until liquidation of these inventories proceeds in earnest, the level at which home prices will stabilise remains problematic.

The American housing bubble peaked in early 2006, followed by an abrupt and rapid retreat over the past two years. Since summer 2006, hundreds of thousands of homeowners, many forced by foreclosure, have moved out of single-family homes into rental housing, creating an excess of approximately 600,000 vacant, largely investor-owned single-family units for sale. Homebuilders caught by the market’s rapid contraction have involuntarily added an additional 200,000 newly built homes to the “empty-house-for-sale” market.

Home prices have been receding rapidly under the weight of this inventory overhang. Single-family housing starts have declined by 60 per cent since early 2006, but have only recently fallen below single-family home demand. Indeed, this sharply lower level of pending housing additions, together with the expected 1m increase in the number of US households this year as well as underlying demand for second homes and replacement homes, together imply a decline in the stock of vacant single-family homes for sale of approximately 400,000 over the course of 2008.

The pace of liquidation is likely to pick up even more as new-home construction falls further. The level of home prices will probably stabilise as soon as the rate of inventory liquidation reaches its maximum, well before the ultimate elimination of inventory excess. That point, however, is still an indeterminate number of months in the future.

The crisis will leave many casualties. Particularly hard hit will be much of today’s financial risk-valuation system, significant parts of which failed under stress. Those of us who look to the self-interest of lending institutions to protect shareholder equity have to be in a state of shocked disbelief. But I hope that one of the casualties will not be reliance on counterparty surveillance, and more generally financial self-regulation, as the fundamental balance mechanism for global finance.

The problems, at least in the early stages of this crisis, were most pronounced among banks whose regulatory oversight has been elaborate for years. To be sure, the systems of setting bank capital requirements, both economic and regulatory, which have developed over the past two decades will be overhauled substantially in light of recent experience. Indeed, private investors are already demanding larger capital buffers and collateral, and the mavens convened under the auspices of the Bank for International Settlements will surely amend the newly minted Basel II international regulatory accord. Also being questioned, tangentially, are the mathematically elegant economic forecasting models that once again have been unable to anticipate a financial crisis or the onset of recession.

Credit market systems and their degree of leverage and liquidity are rooted in trust in the solvency of counterparties. That trust was badly shaken on August 9 2007 when BNP Paribas revealed large unanticipated losses on US subprime securities. Risk management systems – and the models at their core – were supposed to guard against outsized losses. How did we go so wrong?

The essential problem is that our models – both risk models and econometric models – as complex as they have become, are still too simple to capture the full array of governing variables that drive global economic reality. A model, of necessity, is an abstraction from the full detail of the real world. In line with the time-honoured observation that diversification lowers risk, computers crunched reams of historical data in quest of negative correlations between prices of tradeable assets; correlations that could help insulate investment portfolios from the broad swings in an economy. When such asset prices, rather than offsetting each other’s movements, fell in unison on and following August 9 last year, huge losses across virtually all risk-asset classes ensued.

The most credible explanation of why risk management based on state-of-the-art statistical models can perform so poorly is that the underlying data used to estimate a model’s structure are drawn generally from both periods of euphoria and periods of fear, that is, from regimes with importantly different dynamics.

The contraction phase of credit and business cycles, driven by fear, have historically been far shorter and far more abrupt than the expansion phase, which is driven by a slow but cumulative build-up of euphoria. Over the past half-century, the American economy was in contraction only one-seventh of the time. But it is the onset of that one-seventh for which risk management must be most prepared. Negative correlations among asset classes, so evident during an expansion, can collapse as all asset prices fall together, undermining the strategy of improving risk/reward trade-offs through diversification.

If we could adequately model each phase of the cycle separately and divine the signals that tell us when the shift in regimes is about to occur, risk management systems would be improved significantly. One difficult problem is that much of the dubious financial-market behaviour that chronically emerges during the expansion phase is the result not of ignorance of badly underpriced risk, but of the concern that unless firms participate in a current euphoria, they will irretrievably lose market share.

Risk management seeks to maximise risk-adjusted rates of return on equity; often, in the process, underused capital is considered “waste”. Gone are the days when banks prided themselves on triple-A ratings and sometimes hinted at hidden balance-sheet reserves (often true) that conveyed an aura of invulnerability. Today, or at least prior to August 9 2007, the assets and capital that define triple-A status, or seemed to, entailed too high a competitive cost.

I do not say that the current systems of risk management or econometric forecasting are not in large measure soundly rooted in the real world. The exploration of the benefits of diversification in risk-management models is unquestionably sound and the use of an elaborate macroeconometric model does enforce forecasting discipline. It requires, for example, that saving equal investment, that the marginal propensity to consume be positive, and that inventories be non-negative. These restraints, among others, eliminated most of the distressing inconsistencies of the unsophisticated forecasting world of a half century ago.

But these models do not fully capture what I believe has been, to date, only a peripheral addendum to business-cycle and financial modelling – the innate human responses that result in swings between euphoria and fear that repeat themselves generation after generation with little evidence of a learning curve. Asset-price bubbles build and burst today as they have since the early 18th century, when modern competitive markets evolved. To be sure, we tend to label such behavioural responses as non-rational. But forecasters’ concerns should be not whether human response is rational or irrational, only that it is observable and systematic.

This, to me, is the large missing “explanatory variable” in both risk-management and macroeconometric models. Current practice is to introduce notions of “animal spirits”, as John Maynard Keynes put it, through “add factors”. That is, we arbitrarily change the outcome of our model’s equations. Add-factoring, however, is an implicit recognition that models, as we currently employ them, are structurally deficient; it does not sufficiently address the problem of the missing variable.

We will never be able to anticipate all discontinuities in financial markets. Discontinuities are, of necessity, a surprise. Anticipated events are arbitraged away. But if, as I strongly suspect, periods of euphoria are very difficult to suppress as they build, they will not collapse until the speculative fever breaks on its own. Paradoxically, to the extent risk management succeeds in identifying such episodes, it can prolong and enlarge the period of euphoria. But risk management can never reach perfection. It will eventually fail and a disturbing reality will be laid bare, prompting an unexpected and sharp discontinuous response.

In the current crisis, as in past crises, we can learn much, and policy in the future will be informed by these lessons. But we cannot hope to anticipate the specifics of future crises with any degree of confidence. Thus it is important, indeed crucial, that any reforms in, and adjustments to, the structure of markets and regulation not inhibit our most reliable and effective safeguards against cumulative economic failure: market flexibility and open competition.

The writer is former chairman of the US Federal Reserve and author of ‘The Age of Turbulence: Adventures in a New World’


Já segundo Levitt e List

Perhaps the greatest challenge facing behavioral economics is demonstrating its applicability in the real world. In nearly every instance, the strongest empirical evidence in favor of behavioral anomalies emerges from the lab. Yet, there are many reasons to suspect that these laboratory findings might fail to generalize to real markets.

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quarta-feira, março 19, 2008

Efeito propriedade


O efeito propriedade diz respeito a valorizar mais o que é de nossa propriedade. Assim, o dono de um imóvel costuma acreditar que o mesmo vale mais do que o mercado deseja pagar por ele.

Recentemente a Microsof ofertou cerca de 45 bilhões pela Yahoo!. A Yahoo! não deseja ser adquirida pela Microsoft (aqui).

Conforme notícia divulgada no New York Times, a Yahoo! apresentou uma estimativa sobre seu desempenho no futuro muito acima do que seria a projeção dos analistas. Isto faz com que a empresa tenha um valor acima do que seria esperado.

Seria um exemplo de efeito propriedade?

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quinta-feira, março 06, 2008

Insistência irracional


A insistência irracional pode ser traduzida como insistir no erro. Representa um dos mais sérios problemas de uma administração e pode significar prejuízos enormes. Existem muitos exemplos reais que mostram situações de insistência irracional. Na gestão financeira, a insistência irracional manifesta-se em especial no desenvolvimento de projetos que não tem futuro.
A notícia a seguir é um contra exemplo da insistência irracional. Diz respeito a decisão da Toshiba em não continuar com a luta pelo novo padrão de vídeo. Conforme já foi noticiado, o padrão Blu-Ray venceu o padrão desenvolvido pela Toshiba (HD-DVD). O normal seria a empresa insistir em manter o padrão, mesmo que isto represente prejuízos e perda de recursos financeiros. Não foi o que fez a Toshiba. Surpreendendo o mercado, a empresa reconheceu de forma ágil que perdeu a batalha do padrão.

Depois da derrota na guerra dos formatos, para onde vai a Toshiba?
March 3, 2008 4:33 a.m.

Por Yukari Iwatani Kane
The Wall Street Journal, de Tóquio

Em fevereiro, depois de uma longa batalha de vida ou morte com o formato Blu-ray para definir o padrão de aparelhos de DVD de alta definição, o diretor-presidente da Toshiba Corp., Atsutoshi Nishida, abandonou seu formato HD DVD. A decisão surpreendeu analistas. As empresas japonesas tendem a buscar soluções menos radicais, numa tentativa de preservar o orgulho corporativo, e a expectativa era de que a Toshiba iria eliminar o formato aos poucos e sem alarde.

A derrota é um golpe para a Toshiba, um vasto conglomerado de eletrônicos que faz semicondutores, eletrodomésticos e reatores nucleares. A companhia via o HD DVD como uma maneira de aumentar sua presença em eletrônicos de consumo, área na qual não é muito grande.

Nishida, que estudou filosofia política alemã e entrou para a Toshiba por uma afiliada no Irã, é um tipo de administrador diferente para a gigante de tecnologia, que sempre escolheu engenheiros. Ele falou com o Wall Street Journal em seu gabinete sobre como tomou a decisão, seu estilo de gestão e como a Toshiba pretende continuar atuando em eletrônicos de consumo. Abaixo, alguns trechos:

WSJ: Quando o sr. começou a pensar em sair do negócio de HD DVD?

Nishida: Quando a Warner (o estúdio Warner Bros., da Time Warner Inc.) anunciou seu apoio para o Blu-ray em 4 de janeiro. Levamos um tempinho para chegar à decisão final, assim pudemos dar às pessoas a chance de expressar suas opiniões e pudemos considerar todas as implicações e conseqüências de sair, como de que maneira isso afetaria os consumidores e a empresa.

WSJ: A maioria dos observadores da indústria esperava que a guerra dos formatos fosse durar mais. Por que o sr. decidiu abandoná-la tão rapidamente?

Nishida: Não acho que tínhamos nenhuma chance depois que a Warner nos abandonou, porque isso significava que o HD DVD teria só 20% ou 30% da oferta de títulos (em DVD de última geração). No mundo dos negócios, é preciso calcular riscos. Mas também é importante mudar de marcha logo se você acha que sua decisão foi errada. Estávamos fazendo isso para vencer, e se não fosse para vencer, então tínhamos de sair, especialmente porque os consumidores já estavam querendo um padrão único.

WSJ: A derrota na guerra de formatos não é um golpe para a estratégia de crescimento da Toshiba?

Nishida: Essa era só uma das avenidas de crescimento. Uma entre 45 unidades estratégicas de negócios que temos. Isso só quer dizer que agora temos 44.

WSJ: Vocês anunciaram a construção de duas novas fábricas de semicondutores quando anunciaram a decisão de sair do HD DVD. Vão se concentrar mais em chips no lugar do HD DVD?

Nishida: Não, o momento do anúncio foi mais uma coincidência. Os planos para as fábricas já estavam em andamento e eu já havia dito publicamente que iria anunciar algo no fim de fevereiro ou março. Quando a Warner tomou sua decisão inesperada e mudou a situação para os negócios de HD DVD, passou a fazer sentido para nós fazer tudo junto em vez de ter duas reuniões separadas do conselho.

WSJ: Vocês vão sair do negócio de eletrônicos de consumo agora que perderam a guerra dos formatos?

Nishida: Não, vamos continuar a vender aparelhos de DVD comuns e ainda temos TVs e microcomputadores.

WSJ: Ter só DVDs comuns não é uma desvantagem?

Nishida: O que as pessoas não percebem é que os estúdios de Hollywood não vão lançar títulos só em Blu-ray, mas também para DVDs comuns, e o número de aparelhos da atual geração por aí é muito maior. Se você assiste a DVDs comuns em nossos aparelhos, as imagens são de alta qualidade porque (nossos aparelhos) têm um uma função de "conversão para melhor". E vamos melhorar isso ainda mais, de modo que os consumidores não conseguirão notar a diferença em relação a imagens de alta definição. E, ainda, os aparelhos seriam bem mais baratos que os de Blu-ray. Os toca-DVDs de próxima geração estão numa posição bem mais fraca do que quando os aparelhos de DVD comum foram lançados.

WSJ: Como fazer a divisão de eletrônicos de consumo crescer agora?

Nishida: Sem um toca-DVD de próxima geração, os computadores se tornam uma parte ainda mais importante de nossa estratégia. Não podíamos conectar computadores e televisões antigamente, mas agora há uma tecnologia que nos permite isso. Hoje é um fio, mas vai acabar virando sem fio. Isso significa que você pode usar o seu computador para tocar o DVD e assistir na tela grande de sua televisão, e nem precisa de um aparelho específico para DVD. O disco rígido dos computadores também tem muita capacidade, então dá para armazenar vídeos e filmes nele e usar como se fosse o toca-DVD.

WSJ: A Toshiba vai tentar controlar a sala de estar através do computador?

Nishida: Antes havia um debate sobre se a sala de estar seria dominada por televisores ou computadores. Está claro que as televisões dominam, mas os computadores agora podem se conectar a elas.

WSJ: Vocês vão participar do mercado de download de vídeos?

Nishida: É o que esperamos. Temos desenvolvido tecnologias nessa área, mas agora que não temos o HD DVD, quero pôr ainda mis energia aí.

WSJ: Sua abordagem pragmática de administração não é comum no Japão. Como o sr. a faz funcionar neste país?

Nishida: Eu não opero só com a lógica. Sou prático, mas também tenho entusiasmo, o que é o meu lado não-prático. Se você tem isso junto com força de vontade para atingir suas metas, então pode superar qualquer adversidade. Por exemplo, usei lógica para tomar a decisão racional de sair do HD DVD, mas meu entusiasmo faz com que eu siga adiante.

WSJ: Um fracasso o torna mais avesso a riscos?

Nishida: Se você não corre riscos, não progride. As situações mudam constantemente, então se você não pode mudar com elas, não há futuro.

WSJ: A Toshiba consideraria uma grande aquisição, como a da empresa de energia nuclear Westighouse Electric Co. por US$ 5,4 bilhões dois anos atrás?

Nishida: Dependeria da situação. Se fizer sentido e acharmos que podemos recuperar nosso investimento dentro de um certo período de tempo, então talvez sim.

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terça-feira, março 04, 2008

Parcialidade do juiz e Irracionalidade do goleiro


Analisando a neutralidade dos árbitros durante 12 temporadas do campeonato de futebol alemão (Bundesliga), o presente documento identificou indícios de forças sociais influência as decisões dos agentes. Árbitros, que são nomeados para serem imparciais, tendem a favorecer a equipe da casa sistematicamente dando mais tempo adicional naqueles jogos em que a equipe da casa está atrás. Eles também favorecem o equipe da casa nas decisões de atribuição faltas e pênaltis.

Óbvio, não?

Fonte: Aqui

Outro estudo verificou a posição do goleiro diante do penalti. Acadêmicos de Israel estudaram uma amostra de penaltis ao redor do mundo e encontraram que os goleiros tem mais chances de salvar o chute caso fiquem parados, em lugar de pular. Entretanto, em 93,7% dos casos (311) o goleiro não escolhe esta opção. Qual a razão disto? As possibilidades são várias (aqui): colocar pressão no batedor; ou uma norma social (caso ele pule e não consiga segurar o penalti, tudo bem; ficando parado estaria "dizendo" que não fez nada). Esta não é uma situação restrita ao futebol.

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