segunda-feira, março 21, 2022

Amor, Saúde, Felicidade e Finanças


Em um extrato do livro Why We Love algo bem inspirador. Sobre um estudo realizado por Julianne Holt-Lunstad e seus colegas em 2010

Julianne coletou os dados de 148 estudos que haviam explorado as taxas de mortalidade após doenças cronicas - câncer, doença cardiovascular e insuficiência renal sendo as mais proeminentes - e os aspectos da rede social de uma pessoa. (...) ela concluiu que estar dentro de uma rede social de apoio reduziu o risco de mortalidade em 50%. Isto coloca em igualdade com a interrupção do fumo e manter uma medida saudável de IMC. 

Assim, ter relações sociais de boa qualidade - que é denominado de capital social por Anna Machin, autora do livro, pode ser muito importante para saúde, felicidade e satisfação com a vida. Ter amigos, e isto inclui familiares, pode ser importante e fazer bem para a vida de uma pessoa. Mas como afeta as finanças? Melhor saúde significa melhor qualidade de vida e menor gasto com esta saúde. Nas palavras de Machin:

os neuroquímicos liberados quando você interage com as pessoas que ama têm um papel direto no funcionamento do sistema imunológico

Mas e o amor do título? Citando Machin:

o amor é a força que nos motiva a superar as dificuldades do grupo que vive para cooperar em um nível incomparável em relação a qualquer outra espécie. 

De forma curta: amor é sobrevivência. 

No capítulo 3 do livro Humanidade Bregman traz um ponto interessante. A ciência descobriu que em quatro testes de inteligência - compreensão espacial, cálculo, causalidade e aprendizado social - o ser humano começando a andar teve o mesmo desempenho que os chimpanzés e orangotangos. Exceto em aprendizado social, onde o ser humano foi absurdamente superior. Talvez esta seja a explicação para o fato do Homo sapiens ter prevalecido sobre o Homo Neanderthalensis, especula Bregman. 

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domingo, março 13, 2022

Modo Robô


Bem interessante o texto de Isabella Abreu, do jornal O Estado de S. Paulo (12 de março). Abreu fala sobre o modo robô, quando você está no "piloto automático". Eis um trecho:

É provável que você se tenha identificado com alguma dessas situações. São muitas as atividades que realizamos de forma automática no dia a dia – escovar os dentes, tomar banho, fazer uma refeição. Christian Haag Kristensen, professor de Pós-graduação em Psicologia da PUC-RS, explica que quando, em nosso cérebro, um processo se torna mais automatizado, significa que necessitamos despender menos “energia”.

“Os processos mais automatizados necessitam de menor direcionamento de recursos de atenção, menos esforços conscientes, por assim dizer, para que uma determinada tarefa seja executada. Dessa forma, ao precisarmos exercer menor controle mental para o gerenciamento de tarefas, podemos ter recursos (de atenção, de memória, etc.) disponíveis para outras atividades”, diz. Um exemplo é quando estamos aprendendo a dirigir. No início, precisamos de muita atenção em processos básicos. Na medida em que essas tarefas (trocar marcha, por exemplo) se tornam procedimentos de rotina, podemos focalizar a atenção em outros aspectos, como o ambiente a nossa volta, outras pessoas no carro, etc. 

 (...) A psicóloga [Elaine de Moraes] avalia que um dos grandes obstáculos para se manter presente é o vício tecnológico. O bombardeio de informações, propagandas e imagens que “metralham” nossos olhos diariamente vem gerando um padrão de concentração baseado na distração concentrada. “Esse estado de excitação e inquietação mental produzido pelas telas deixa as pessoas muito mais voltadas para esses estímulos externos e visuais, atrofiando a capacidade de concentração interna, reflexiva e consciente do momento presente.”

Um estilo de vida acelerado e sem presença pode acarretar diversos prejuízos. Para Déborah Aquino, especialista em desenvolvimento humano, a falta de presença nos tira da excelência. “Gosto do conceito do professor Clóvis de Barros Filho, que afirma que excelência é alocar todos os seus recursos numa determinada atividade, fazendo o que pode ser feito, com o que você tem no momento. Considerando essa ideia, são pouquíssimas as pessoas que são realmente excelentes nas diversas áreas da vida”, observa.

Segundo a especialista, a desconexão com o momento presente afeta a carreira, prejudicando o pensamento criativo e o foco na solução e em novas ideias. Nas relações com amigos e familiares, são grandes as possibilidades de que elas sejam superficiais e distantes. “Sem presença você não escuta, não olha nos olhos, não entende as necessidades emocionais das pessoas que são importantes para você”, enfatiza.

Já na saúde, o impacto também é enorme. “Quem é acelerado não come direito, porque está sempre com pressa e, consequentemente, come além da conta. Quem não tem presença, deixa de sentir, não sabe lidar com as emoções. Além disso, não dorme bem, não tem paciência para respirar”, enumera.

E a que devemos estar atentos para evitar uma vida no “piloto automático”? Falhas de memória, dificuldade em concentração, irritabilidade, senso de urgência para tudo (já reparou quantas vezes temos pressa e nem sabemos o motivo?), culpa por descansar e ser multitarefa são alguns indícios. “Nosso cérebro não suporta tanta coisa ao mesmo tempo. Ele ‘buga’. E quando isso acontece, ele escolhe o caminho mais fácil. E esse caminho, definitivamente, não é o caminho da consciência”, ressalta Déborah Aquino. A solução? Fazer uma coisa por vez.