quinta-feira, abril 25, 2013

Facebook

Mesmo que não gostemos, o Facebook tem hoje um grande poder sobre nossas vidas. Como uma rede social, o Facebook reflete a nossa vida em comunidade. E influencia nossas decisões.

Uma pesquisa realizada em 2010 nos Estados Unidos e publicada em 2012 mostrou este efeito sobre a indução ao voto. No dia das eleições naquele país, onde o voto é facultativo, alguns usuários do Facebook receberam uma mensagem lembrando que era o dia das eleições. Além disto, estas pessoas receberam informação sobre o posto de votação e a quantidade de pessoas que afirmaram que tinham votado. Um segundo grupo recebeu a informação de seis amigos que tinham votado. E o terceiro não recebeu nenhuma informação. Cruzando os dados dos eleitores com aqueles que receberam (ou não) a informação do Facebook, os pesquisadores descobriram que quem teve o lembrete dos amigos compareceram mais as urnas.

Um estudo mais recente mostrou como os assuntos se alteram com a idade e com o gênero da pessoa. A figura abaixo é a tradução disto. Observe que os jovens falam mais de rede social (é o terceiro gráfico da primeira fileira) e com o aumento da idade este assunto deixa de ter interesse. As mulheres (linha vermelha) falam mais sobre família e amigos, enquanto os homens adoram bater papo sobre esportes. A frequência de alguns assuntos não muda muito com o passar dos anos, como é o caso, surpreendente, de tecnologia. E conversa sobre comida e bebida está presente tanto entre os homens quanto nas mulheres, em igual proporção.
 

 Outro gráfico interessante é o número de  amigos por país. Enquanto os russos e chineses possuem poucos amigos, brasileiros, filipinos e islandeses apresentam um número de amigos bem acima dos demais países. Seria uma comprovação do espírito fraterno do povo brasileiro?

Para Ler mais: Reinach, Fernando. Facebook e indução ao voto. Estado de S Paulo, 4 de outubro de 2012, p. A27.
Gelman, Andrew. Fascinating graphs from facebook data. Statistical Modeling, Causal Inference and Social Science.
Wolfram, Stephen. Data Science of the Faceebook World. Wolfram blog 

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terça-feira, abril 23, 2013

Beleza real



 Uma bela propaganda da Dove compara a percepção que as mulheres possuem da sua beleza e como outras pessoas as enxergam. (Dica de Tita e Mariana, grato)

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quarta-feira, abril 17, 2013

Um Curso de Economica Comportamental

Erik Angner escreveu um livro sobre economia comportamental bastante interessante (A Course in Behavioral Economics, Palgrave, 2012). A estrutura é simples: para cada capítulo onde Angner explica os conceitos de economia, segue um capítulo sob a ótica da economia comportamental. Por exemplo, o capítulo dois é sobre escolha racional em situação de certeza. O autor discute sobre preferências e utilidades de forma bastante didática. No capítulo seguinte, Angner coloca os conceitos de custo de oportunidade, custo perdido, aversão à perda, efeito propriedade, ancoragem, entre outros, também numa situação de certeza.  Assim, o autor explica como a economia comportamental pode, sob certos aspectos, ser justificada usando os próprios instrumentos da teoria econômica.

Após este início, discute a questão do julgamento em situação de risco e incerteza. Depois escolha em situação de risco e incerteza e escolha intertemporal. Esta parte, por sinal, talvez tenha os trechos mais interessantes da obra. A parte V, por outro lado, é decepcionante. Trata da interação estratégica, através da utilização da teoria dos jogos. Mas a análise é muito pobre e a parte comportamental é muito rápida (somente dez páginas).

Ao longo do texto, Angner apresenta alguns exercícios, cujas respostas estão apresentadas no final.

Vale a pena? Para que deseja comparar a teoria econômica tradicional com a economia comportamental, a obra é uma introdução importante sobre o assunto. Para quem não gosta de formalização dos conceitos, fuja do livro.

Evidenciação: Este livro foi adquirido pelo blogueiro numa livraria comercial. 

terça-feira, abril 16, 2013

Mudar o comandante resolve?

Quando o desempenho de uma empresa não está adequado, os acionistas forçam a saída do principal administrador. Um problema numa empresa é que as medidas de desempenho possuem uma periodicidade muito longa: trimestral, para as empresas de capital aberto no Brasil ou anual para as empresas de capital fechado. Mas será que trocar o gestor resolve a situação?

Se a troca do administrador numa empresa promover a sua recuperação, isto é um sintoma de que a medida teve um efeito positivo. Mas se o desempenho continuar ruim, a troca não deve ser uma medida que produza benefícios.

A questão que dificulta os pesquisadores em avaliar a eficiência da troca de administradores é decorrente da longa periodicidade das medidas de desempenho, que impede a verificação do seu efeito. Quando os cientistas não conseguem fazer uma pesquisa numa área, uma opção é buscar um atalho para obter a resposta desejada. Neste caso, encontrar uma área onde o desempenho pode ser mensurado com uma periodicidade menor.

E existe este setor. São os clubes esportivos, onde o desempenho é medido não por seu lucro, mas pelos confrontos com seus adversários. Se um clube não consegue bons resultados, o seu técnico pode sofrer as consequências. Dois pesquisadores italianos, usando os dados do futebol do campeonato italiano entre 1997/8 a 2008/9, conseguiram medir a influencia da mudança do gestor, o técnico, nos resultados. Usando mais de quatro mil jogos que ocorreram naquele campeonato, os pesquisadores observaram que 37% dos times mudaram de técnico durante o torneio. O gráfico abaixo mostra o comportamento da equipe de futebol antes da troca de técnicos e depois.

Mas o gráfico não revela toda a história. Quando se faz uma comparação antes e depois da troca é necessário levar em consideração a qualidade dos adversários. Quando o técnico que foi demitido enfrentou adversários fortes, é natural que, em média, ganhe poucos pontos. Se o novo técnico ganha pontos de adversários fracos, o mérito talvez não seja do seu trabalho.

Apesar do primeiro resultado da pesquisa mostrar uma pequena melhoria no desempenho com a mudança do técnico de futebol – como pode ser visualizado no gráfico – ao levar em consideração a qualidade dos adversários esta melhoria desaparece. Ou seja, controlando os efeitos dos adversários, a mera troca do técnico – o gestor do clube de futebol – não é uma medida que melhora o desempenho do clube – a empresa da pesquisa.

Mas provavelmente temos aqui um componente comportamental. Pesquisas já mostraram que a melhor postura do goleiro durante a cobrança do pênalti é ficar no meio do gol. Mas os goleiros insistem em “escolher” um canto, muito para dar uma “satisfação” para torcida. O mesmo pode ocorrer com a troca de técnicos. Os dirigentes talvez saibam que mudar o técnico não resolve, mas mantê-lo é dizer, para torcida, que eles não estão fazendo nada.

Para ler mais: DE PAOLA, Maria; SCOPPA, Vincenzo. The Effects of Managerial Turnover: Evidence from Coach Dismissals in Italian Soccer Teams. Jornal of Sports Economics. Vol. 12, n. 2, p. 152-168, 2012.

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terça-feira, abril 02, 2013

A mente do consumidor

Se você estudou marketing, provavelmente desconfiou como é fácil manipular o consumidor. Muitas pesquisas mostraram que fatores como cor, fotografias, disposição do produto, forma de abordagem afetam a decisão de comprar de um individuo. A cada dia somos surpreendidos por novas descobertas neste campo.

Roger Dooley, do blog neuromarketing, reuniu algumas maneiras que as empresas usam para influenciar a mente do consumidor. E publicou os textos num livro denominado, de maneira apropriada, Como influenciar a mente do Consumidor. São cem formas de influenciar, apresentadas em 14 partes, de maneira didática e sem complicação. O livro é muito interessante para o consumidor, o dono de uma empresa e o pesquisador. Para o consumidor, a leitura serve de alerta para não cair nas técnicas modernas usadas para venda. Para o dono da empresa, é um bom manual para ajudar a aumentar as vendas. E para o pesquisador, a leitura abre um grande leque de potenciais pesquisas.  Ou seja, é um livro de grande utilidade.

Talvez pelo fato de expor muitas técnicas em pouco mais de 250 páginas, a sua leitura deve ser em pequenas doses. É o livro ideal para deixar no automóvel e ler alguns trechos enquanto espera alguém.  Apresento a seguir alguns dos conselhos resultantes das pesquisas já realizadas.



Vale a pena? Sem dúvida.

Evidenciação: Este blogueiro adquiriu a obra numa livraria, não tendo sido induzido a fazer esta postagem pelas partes interessadas.

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