terça-feira, janeiro 28, 2014

Diferença de salário entre homens e mulheres

Em diversos países do mundo existem mais mulheres do que homens com diploma de curso superior. Esta é uma tendência que também ocorre no Brasil . Doze por cento da população adulta feminina possui diploma de curso superior, mas somente dez por cento dos homens conseguiram concluir o terceiro grau.

Entretanto, apesar das mulheres terem melhor educação, isto não se reflete no mercado de trabalho. No Brasil, 91% dos homens com curso superior possuem emprego, contra 81% do gênero feminino. Os números da OCDE mostram que esta tendência também ocorre em países menos machistas. Como o diploma superior agrega renda – um brasileiro formado num curso superior recebe 2,5 vezes mais que aquele que completou o ensino médio – isto deveria significar que as mulheres teriam um salário médio maior. Mas isto não ocorre na prática: os homens ainda ganham mais por trabalho equivalente.

Existem diversas explicações para as diferenças entre os homens e as mulheres no momento de receber seus pagamentos mensais. A mais óbvia, a diferença decorre de um passado, onde a mulher era claramente discriminada. Esta diferença pode ter reduzido nos últimos anos, mas ainda não foi suficiente para igualdade salarial.

Uma explicação menos óbvia foi obtida de um experimento apresentado por três pesquisadores. Eles publicaram um anúncio oferecendo emprego. Para metade daqueles que se interessam o salário era fixo, de 15 dólares a hora. Para outra metade, existia uma parcela fixa, de doze dólares, e uma parcela variável, de seis dólares a hora, que seria obtido numa comparação com um colega. Assim, nesta segunda proposta, o valor esperado seria de 15 dólares ou $12 + 50% x $6. Ou seja, ambas as propostas possuíam um valor médio igual, mas a segunda proposta dependeria de uma competição. Ao comparar a aceitação da proposta os pesquisadores encontraram que as mulheres eram menos propensas a aceitar a oferta de competição.

Para os pesquisadores, isto pode ser um sinal de que as mulheres não estão muito interessadas em trabalho onde exista uma competição, ao contrário dos homens. Em outras palavras, mulheres possuem preferência diferente pela competição. Como os salários são resultantes de competição que ocorre no mercado de trabalho, isto poderia ser uma explicação para a persistência da diferença salarial entre as pessoas. Em lugar de preconceito, herança cultural e outras explicações, o experimento parece indicar que parte da diferença decorre das preferências do gênero, que talvez tenha sido marcada ao longo da evolução da nossa espécie. Assim, o esforço no sentido de reduzir esta diferença é de longo prazo.

Leia mais em FLORY, Jeffrey; LEIBBRANDT, Andreas; LIST, John. Do Competitive Workplaces Deter Female Workers? A Large-Scale Natural Field Experiment on Gender Differences in Job-Entry Decisions, 2010.

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quinta-feira, janeiro 16, 2014

O Efeito do Futebol sobre a Motivação

É comum escutar que o “futebol altera a vida das pessoas”. Ficamos eufóricos antes de uma partida do nosso time e alegres (ou triste) se a equipe ganhou (ou perdeu). Pode ser irracional, mas é uma atitude de milhares de pessoas.

O efeito do futebol sobre a motivação das pessoas foi investigada por dois pesquisadores alemães. Usando informações de uma pesquisa com pessoas desempregadas, foi investigado se a presença de um grande torneio afeta as pessoas. Regularmente os desempregados são questionados sobre a sua motivação para procurar empregos, se o trabalho seria de tempo integral, a satisfação com a sua vida, entre outros aspectos. A pesquisa envolveu coletar estas informações e comparar se as respostas se alteravam.

Os dados foram analisados no período compreendido entre 1984 a 2010, para os anos de Copa do Mundo e Eurocopa, dois dos maiores torneios de futebol entre seleções do mundo. O resultado encontrado comprova o que já sabíamos: o futebol altera a vida das pessoas. Os eventos esportivos fazem com que as pessoas fiquem mais preocupadas com sua saúde e com a situação econômica em geral. Os desempregados tornam-se mais propensos a trabalhar em tempo integral.

A pesquisa também mostrou que os efeitos são maiores entre os homens, em especial de meia idade e mais idosos, além de alemães ocidentais.

Leia Mais: Is Soccer Good for You? The Motivational Impact of Big Sporting Events on the Unemployed; Philipp Doerrenberg e Sebastian Siegloch, January 2014,

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terça-feira, janeiro 14, 2014

É possível ensinar ética?

Nos últimos anos tivemos uma grande pressão para o ensino de ética nos cursos universitários, incluindo pós-graduação. O ensino geralmente ou é focado no código de ética da profissão ou representa uma discussão teórica, mais próxima da filosofia do que da realidade. A primeira opção é uma perda de tempo, pois basta que o aluno leia o código de ética; o segundo caso também não ajuda muito as pessoas a serem mais éticas.

Jonathan Haidt, da Universidade de Nova Iorque, num longo texto escrito para o Washington Post (Can you teach bussinessmen to be ethical?) trava uma longa discussão sobre o assunto. Haidt também é cético e afirma que

As escolas de negócios, o maior gasoduto para os futuros líderes de bancos e grandes corporações, não sabem realmente o que fazer para tornar os líderes éticos.

A resposta dos dias de hoje é oferecer cursos de ética empresarial e responsabilidade social corporativa. Haidt afirma que

Ainda tenho que encontrar alguma evidência de que uma única aula de ética, por si só, pode melhorar o comportamento ético após o término do curso.

Isto talvez seja um indicio de que obrigar o aluno a estudar ética serve muito mais para aplacar a consciência dos gestores educacionais, não sendo uma estratégia que se deva levar a sério na prática. Em lugar de trabalhar o código de ética ou usar livros filosóficos sobre o assunto, os alunos aprenderiam mais se lessem o último livro de Dan Ariely, que trata do assunto de maneira prática e divertida.

Haidt lembra que a própria forma de condução dos cursos de MBA induz ao comportamento antiético. Especificamente, estes cursos valorizam a participação dos extrovertidos e promove a competição, não a colaboração. Mas Susan Cain mostrou, em O Poder dos Quietos que isto é injusto.

Mas mesmo se usarmos métodos mais modernos e pesquisas recentes sobre o assunto, talvez não seja a solução. O trabalho clássico de Milgram mostrou como as pessoas normais podem agir de maneira inadequada em razão da pressão social. Milgram fez um experimento onde os indivíduos eram incentivos a aplicar choques elétricos em outras pessoas e o faziam em razão da determinação de uma autoridade.

(Charge: aqui)

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segunda-feira, janeiro 13, 2014

Emocional

O mapa revela os países mais emocionais (cor mais escura) ou menos (mais clara). O Instituto Gallup faz uma pesquisa nas pessoas destes países perguntando seus habitantes sobre seus sentimentos. As Américas possuem países emotivos, apesar das Filipinas (de colonização hispânica) ser o mais emotivo. Cingapura é o menos emotivo.

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quinta-feira, janeiro 02, 2014

Redes sociais e o ser humano

Desde o surgimento das redes sociais, os pesquisadores encontraram uma grande possibilidade de usar estes dados para entender melhor o ser humano. Já se sabe que as redes sociais influenciam as decisões humanas, incluindo em que votamos. Também sabemos que os assuntos mudam conforme a característica das pessoas (idade e gênero, por exemplo). 

Pesquisa recente mostrou que as mulheres postam mais fotografias do que os homens. E postam também mais vídeos. Pessoas mais jovens, com idade abaixo de 30 anos, também postam mais fotografias e vídeos.

Um estudo mais complexo (via aqui) mostra que a rede de relacionamento de uma pessoa casada pode revelar muito sobre o futuro do relacionamento. Usando dados do Facebook (1,3 milhões de usuários), dois pesquisadores verificaram o perfil de relacionamento de duas pessoas, para verificar a existência de conexões comuns e o grau de concentração (ou dispersão) destas relações. A pesquisa encontrou que as relações com altos níveis de dispersão possuem mais chance de durar.

Outro estudo (via aqui) mostrou que é possível descobrir, através das atualizações no Facebook, se um amigo é narcisista. A pesquisa centrou nas atualizações e relacionou com as características de cada indivíduo.

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