domingo, março 21, 2021

Efeito dotação e mensuração ambiental


O termo "efeito de dotação" foi cunhado por Thaler em seu trabalho de 1980, descrevendo várias anomalias no comportamento do consumidor. Este efeito logo chamou a atenção dos economistas ambientais. 

Os economistas que estudam questões envolvendo a política ambiental frequentemente precisam encontrar um valor para bens que não podem ser comercializados no mercado. Assim, eles podem precisar determinar o valor para os consumidores locais de um novo shopping a fim de determinar se vale a pena os custos ambientais. Aos consumidores em potencial poderia ser solicitada sua disposição de pagar pelo novo shopping. Alternativamente, aqueles que possuem casas muito próximas do local podem perder uma vista espetacular quando o shopping sobe, além de precisar lidar com o tráfego adicional, o ruído e o brilho luzes em todas as horas da noite. A estas pessoas pode ser solicitada sua disposição para aceitar estes inconvenientes. Então o economista poderia determinar se o shopping melhoraria ou diminuiria o bem-estar, examinando se aqueles que querem o shopping poderiam potencialmente pagar aqueles que não o querem para compensá-los. No início, havia sido observado que as respostas de aceitar pareciam estar infladas em relação à vontade de pagar. 

(...) O efeito de doação coloca em questão muitas das técnicas que têm sido utilizadas para determinar o valor de bens ambientais - um campo fértil para a aplicação de comportamentos econômicos nos modelos.

David Just, Behavioral Economics, p. 88

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terça-feira, março 16, 2021

Amizade na pandemia

Por mais de uma década, psicólogos escreveram a respeito da “crise da amizade” que muitos homens enfrentam. Uma análise de 2006 publicada na American Sociological Review descobriu que,embora os americanos em geral tenham menos amigos fora do círculo familiar do que costumavam ter, homens jovens, brancos e escolarizados perderam mais amigos do que os demais grupos. 

As amizades entre homens costumam estar arraigadas em interações “mano a mano”, como assistir a um jogo de futebol ou jogar videogame, enquanto as interações entre mulheres são mais cara a cara, como tomar juntas um café ou uma taça de vinho, disse Geoffrey Greif, professor da Escola de Serviço Social da Universidade de Maryland que escreveu um livro sobre a amizade entre homens. Quando Greif entrevistou centenas de homens sobre como eles costumavam socializar com amigos, 80% dos homens disseram esportes.

Por causa disso, muitos homens provavelmente tiveram mais dificuldade do que as mulheres para descobrir como adaptar suas amizades em meio a uma pandemia que os está mantendo separados. “As regras para caras que procuram outros caras para fazer amizades não são claras”, disse Greif. “Caras não querem parecer muito necessitados.”

Mas a pandemia pode estar forçando essa dinâmica a mudar. Em e-mails e entrevistas com o TheWashington Post, dezenas de homens compartilharam histórias sobre jogos de pôquer pelo Zoom, noites fumando charuto no quintal, redes de apoio de pais da vizinhança por WhatsApp, grupos de Dungeons & Dragons e ligas de Fantasy Football, onde conversas casuais a respeito de esportes e política de repente levaram a conversas profundas – sobre as dificuldades do ensino à distância, familiares doentes, separações, nascimentos, adiamentos de casamento e perda de empregos.

O momento parece mais pesado e as conversas também. Alguns homens disseram que suas amizades começaram a se parecer mais com as de suas esposas e namoradas. Pela primeira vez na vida, eles vão caminhar com os amigos apenas para se atualizar sobre o que estão passando. Eles são velhos amigos de faculdade usando o FaceTime para saber como estão os vizinhos – não apenas para falar a respeito das escolhas do draft da NBA ou o cronograma de futebol de seus filhos – mas para perguntar como estão indo.

Quando meninos, os amigos do sexo masculino tendem a compartilhar seus segredos mais profundos esentimentos mais íntimos uns com os outros, disse Niobe Way, professora de psicologia do desenvolvimento que entrevistou centenas de meninos para seu livro de 2013, Deep Secrets: Boys‘Friendships and the Crisis of Connection (Segredos profundos: Amizade entre meninos e a crise de conexão, em tradução livre).

Mas conforme os meninos começam a entrar na adolescência aos 15 ou 16 anos, “você começa aperceber eles se fechando e não se importando mais”, disse Niobe. Eles começam a agir na defensiva em relação à suas amizades, dizendo que “não são gays” e que não são mais tão próximos. “Você percebe essas expectativas de masculinidade serem impostas a eles.” Niobe argumenta que a falta de vulnerabilidade nas amizades masculinas está enraizada em uma cultura misógina e homofóbica que desencoraja a intimidade emocional entre os homens. Mas também faz parte de uma cultura que não valoriza a amizade adulta em geral.

“O objetivo da vida adulta é encontrar um parceiro, não encontrar um melhor amigo”, disse Niobe.“Não há nada em nossa definição de sucesso ou maturidade que inclua amizades.” Mas pesquisas mostram que amizades íntimas e o convívio social são essenciais para sobreviver. Um estudo da Universidade Brigham Young descobriu que as conexões sociais – com amigos, família, vizinhos ou colegas – aumentam as chances de sobrevivência de uma pessoa em 50%.

Em 2018, a taxa de suicídio entre homens era 3,7 vezes maior do que entre as mulheres, segundo estatísticas do Instituto Nacional de Saúde Mental. Mas algumas pesquisas mostram que os homens têm menos probabilidade do que as mulheres de admitir que são solitários, enquanto outras pesquisas sugerem que os homens compartilham mais de sua intimidade emocional com as mulheres de suas vidas. Em um estudo, os homens casados tinham mais probabilidade do que as mulheres de listar o cônjuge como seu melhor amigo.

Nesta época de isolamento sem precedentes, disse Niobe, muitos homens podem ser forçados a mudara maneira como pensam a respeito de suas amizades e a se conectar de maneiras novas e mais profundas.

Dave Wakeman, de 46 anos, consultor de marketing em Washington, disse que muitas de suas interações sociais antes da pandemia giravam em torno das atividades esportivas de seus filhos ou reuniões familiares com os vizinhos. Mas, após oito semanas de pandemia, ele encontrou um vizinho de rua e percebeu que havia perdido contato com ele e com outros pais da vizinhança.

O grupo de seis homens decidiu começar a organizar happy hours com distanciamento social, sentados em suas espreguiçadeiras, cada um na frente de sua casa, na rua sem saída onde moram. Eles criaram um grupo no WhatsApp com o nome de O Batalhão, onde compartilham constantemente de tudo, desde piadas e memes políticos a frustrações com o cuidado com os filhos e trabalhar em casa. “Tornou-se mais fácil para as pessoas dizerem: ‘Ei, estou realmente passando por dificuldades agora’”, disse Wakeman.

Alguns anos atrás, Stephen Davis, de 33 anos, gerente fiscal no subúrbio de Alexandria, Virgínia, começou a participar de um grupo de mensagens com um de seus melhores amigos e alguns outros caras que ele conhecia vagamente da faculdade. A conversa foi, a princípio, focada exclusivamente no mundo da luta livre profissional. Mas, recentemente, o grupo evoluiu para um espaço para desabafarem relação a muito mais temas. Isso os ajudou a várias mudanças de emprego, mudanças de casa e o nascimento de quatro de seus filhos.

Quando Davis estava lutando para ter ideias de como manter seu filho ocupado enquanto os playgrounds estavam fechados, um dos outros pais do grupo sugeriu uma pista de obstáculos com almofadas para seu filho correr entre elas. Quando a bolsa da esposa de Davis estourou, ele mandou uma mensagem para o Five Man Band antes de qualquer outra pessoa – mesmo antes de seus pais.

O grupo se tornou mais próximo do que nunca durante a pandemia. Eles agora enviam cerca de 100 mensagens de texto por dia, um fluxo constante de consciência sobre o que está acontecendo em suas vidas. As conversas parecem mais vulneráveis, mais honestas do que outras que Davis já teve com amigos no passado. É o tipo de conversa que ele nunca seria capaz de ter enquanto estava sentado em um bar assistindo a um jogo.

Jonathan Gordon às vezes deseja que seus colegas de faculdade conversassem a respeito de assuntos mais sérios. O grupo é formado por quatro homens, que se conheceram em seu primeiro ano na Universidade da Virgínia e agora estão na casa dos 30 anos, e todos foram padrinhos de casamento uns dos outros. Eles fizeram viagens internacionais juntos e todos consideram os outros homens do grupo seus amigos mais próximos. Então, por que eles nunca conversam de fato a respeito de seus sentimentos?

“Sempre achei engraçado conversarmos sobre coisas irrelevantes de 80 a 90 por cento das vezes”, disse seu amigo, Alex Hyde, 32 anos, durante uma videochamada em grupo por Zoom na semana passada. Quando os amigos se reúnem pessoalmente, para uma cerveja ou jantar, os detalhes mais profundos “aparecem por acidente”, diz Hyde. Agora que não podem, os tópicos mais sérios não aparecem naturalmente nas mensagens. Parece mais bruto, disse Hyde. “Em geral, com outros caras, há uma certa quantidade de preocupação que acompanha tudo o que você diz... Você tem que estar pronto para isso.”

Parece impossível não voltar a zombar uns dos outros, disse Gordon. “Não temos autocontrole... Não posso deixar de rir. Nós provocamos um ao outro”, disse ele. “Em um mundo ideal, não faríamos isso.”

Esse é o tipo de conversa que Manny Argueta, em Falls Church, esperava de seus amigos. No sábado, quando dois vieram ajudá-lo a configurar seu computador, Argueta esperava que eles zombassem dele por parecer um “universitário sem dinheiro” em seu novo apartamento, onde mal colocou algo nas paredes e tem cabos por toda a mesa. Em vez disso, os amigos perguntaram a ele o que levou ao rompimento e como ele estava lidando com os últimos meses. Argueta se abriu com eles – a respeito de seu relacionamento anterior, da mudança, da pandemia, de tudo. Ele estava mais próximo a eles do que nunca.

Um de seus amigos o lembrou que ele poderia entrar em contato pelo grupo no Discord a qualquer hora. “Basta falar, apenas dizer qualquer coisa”, disse o amigo. “Alguém vai responder.”

/TRADUÇÃO DE ROMINA CÁCIA

Estudos apontam que homens têm mais dificuldades em manter amizades durante a pandemia - Samantha Schmidt , THE WASHINGTON POST

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quinta-feira, março 11, 2021

Conclusões de experimentos são válidas


Um dos principais métodos de pesquisa em finanças comportamentais, o experimento, teve sua validade testada e aprovada.  Um artigo do American Economic Review deste ano (vol. 111, n. 2, fevereiro, 2021) Erik Snowberg e Leeat Yariv verificaram se experimentos possuem validade. Para isto, eles testaram o comportamento humano de alunos versus outras populações e a conclusão é que os resultados são confiáveis. 

Os experimentos de laboratório têm algumas vantagens importantes, permitindo aos pesquisadores coletar grandes quantidades de dados em um ambiente totalmente controlado pelos pesquisadores. Mas os críticos argumentaram que as pessoas no final da adolescência e início dos 20 anos provavelmente fazem escolhas diferentes da população em geral. Além disso, há dúvidas sobre se os participantes do laboratório se comportam de maneira diferente no laboratório do que em outros ambientes e se há algum viés de seleção com os alunos que se inscrevem para esses estudos. (...)

O ambiente em que a pesquisa foi administrada também não pareceu importar. Yariv e Snowberg convidaram quase 100 alunos do Caltech para responder à pesquisa novamente, mas desta vez em um laboratório. Novamente, suas respostas foram virtualmente idênticas às fornecidas fora do laboratório.

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terça-feira, março 09, 2021

Sobre o efeito Dunning-Kruger

O efeito Dunning-Kruger é uma das pesquisas comportamentais mais citadas. Inicialmente a pesquisa venceu o IgNobel, mas posteriormente foi levada a sério, sendo usada para explicar muitas coisas. Um texto da McGill tenta desfazer um pouco do mito do efeito Dunning-Kruger. Eis um trecho interessante:

O erro mais importante que as pessoas cometem sobre o efeito Dunning-Kruger, de acordo com o Dr. Dunning, tem a ver com quem é vítima dele. “O efeito é sobre nós, não sobre eles”, escreveu-me ele. “A lição do efeito sempre foi sobre como devemos ser humildes e cautelosos conosco.” O efeito Dunning-Kruger não tem a ver com pessoas burras. É principalmente sobre todos nós, quando se trata de coisas nas quais não somos muito competentes.

Em poucas palavras, o efeito Dunning-Kruger foi originalmente definido como um viés em nosso pensamento. Se eu sou péssimo em gramática inglesa e recebo ordens para responder a um questionário testando meu conhecimento da gramática inglesa, esse viés em meu pensamento me levaria, de acordo com a teoria, a acreditar que obteria uma pontuação mais alta do que realmente teria. E se eu for excelente na gramática do inglês, o efeito dita que eu provavelmente subestimaria um pouco o quão bem eu faria. Posso prever que obteria uma pontuação de 70%, enquanto minha pontuação real seria de 90%. Mas se minha pontuação real fosse de 15% (porque sou péssimo em gramática), poderia pensar mais de mim mesmo e prever uma pontuação de 60%. Essa discrepância é o efeito, e acredita-se que seja devido a um problema específico com a capacidade de nosso cérebro de avaliar suas habilidades.


(...) O Dr. Dunning me disse que acredita que o efeito “tem mais a ver com estar mal informado do que desinformado”. Se me perguntam o ponto de ebulição do mercúrio, fica claro que meu cérebro não tem a resposta. Mas se me perguntarem qual é a capital da Escócia, posso pensar que sei o suficiente para dizer Glasgow, mas descobri que é Edimburgo. Isso é desinformação e está pressionando aquele botão de confiança em meu cérebro.

Então, caso encerrado, certo? Pelo contrário. Em 2016 e 2017, dois artigos foram publicados em um periódico de matemática chamado Numeracy . Neles, os autores argumentaram que o efeito Dunning-Kruger era uma miragem. E eu tendo a concordar.

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domingo, março 07, 2021

Quando encerrar uma conversa...


Um estudo publicado em 1º de março na revista Proceedings of the National Academy of Sciences USA relata o que os pesquisadores descobriram quando subiram na cabeça dos locutores para avaliar seus sentimentos sobre quanto tempo uma determinada conversa deveria durar. A equipe descobriu que as conversas quase nunca terminam quando ambas as partes querem - e que as pessoas julgam muito mal quando seu parceiro deseja encerrar. Em alguns casos, porém, os interlocutores ficavam insatisfeitos não porque a conversa durasse muito, mas porque era muito curta. (...) 

No primeiro, eles questionaram 806 participantes online sobre a duração de sua conversa mais recente. A maioria deles aconteceu com uma pessoa importante, familiar ou amigo. Os indivíduos envolvidos detalhavam se havia um ponto na conversa em que desejavam que ela terminasse e estimaram quando foi em relação ao momento em que a conversa realmente terminou. (...) 

No segundo experimento, realizado em laboratório, os pesquisadores dividiram 252 participantes em pares de estranhos e os instruíram a falar sobre o que quisessem por um período de um a 45 minutos. Posteriormente, a equipe perguntou aos sujeitos quando eles gostariam que a conversa tivesse terminado e adivinhar a resposta do parceiro à mesma pergunta. (...) 

Mastroianni e seus colegas descobriram que apenas 2% das conversas terminaram no horário que ambas as partes desejavam e apenas 30% delas terminaram quando um dos dois queria. Em cerca de metade das conversas, as duas pessoas quiseram falar menos, mas o ponto de corte geralmente era diferente. Os participantes de ambos os estudos relataram, em média, que a duração desejada da conversa era cerca de metade da duração real. Para surpresa dos pesquisadores, eles também descobriram que nem sempre as pessoas ficam reféns de conversas: em 10% das conversas, os dois participantes do estudo desejaram que a conversa tivesse durado mais. E em cerca de 31 por cento das interações entre estranhos, pelo menos um dos dois queria continuar.

A maioria das pessoas também falha em intuir os desejos de seus parceiros. Quando os participantes adivinharam quando o parceiro queria parar de falar, eles erraram em cerca de 64% do tempo total da conversa.

Eu gostei desta parte aqui:

O fato de as pessoas falharem tão completamente em julgar quando um parceiro de conversa deseja encerrar as coisas “é uma descoberta surpreendente e importante”, diz Thalia Wheatley, psicóloga social do Dartmouth College, que não esteve envolvida na pesquisa. Por outro lado, as conversas são “uma expressão elegante de coordenação mútua”, diz ela. “E, no entanto, tudo desmorona no final, porque simplesmente não conseguimos descobrir quando parar.” Esse quebra-cabeça é provavelmente um dos motivos pelos quais as pessoas gostam de conversar enquanto tomamos um café, uma bebida ou uma refeição, acrescenta Wheatley, porque “o copo vazio ou o cheque nos dão uma saída - uma muleta crítica para o fim da conversa”.

Outro ponto interessante:

As descobertas também abrem muitas outras questões. As regras de conversação são mais claras em outras culturas? Quais pistas, se houver, os conversadores especialistas pegam? E quanto à dinâmica dos chats em grupo?

Acrescentaria também assunto, idade, gênero, ...

Fonte: aqui

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terça-feira, março 02, 2021

Quando o Charlatão prevalece


Sobre Charlatões, no Stumbling and Mumbling uma constatação: as pessoas preferem ouvir charlatães, conforme diversos experimentos. Quais as razões? 

Uma possibilidade é o viés da confirmação. Você segue o conselho do charlatão quando o que ele diz é próximo ao que você acredita. Uma pesquisa perguntou às pessoas quais artigos sobre pandemia elas queriam ler, a partir dos títulos. Os pessimistas escolhem os artigos pessimistas e as pessoas otimistas escolhem os artigos otimistas. E após a leitura, a crença prévia saiu fortalecida. Isto já tinha sido estudado antes e a conclusão foi a mesma. Existem outras explicações, como o fato de que buscamos especialistas afinados com nossa postura, o efeito rebanho, o viés de seleção, entre outros. 

Uma implicação de tudo isso é que uma emissora de serviço público, como a BBC pretende ser, não consegue ser, imparcial. Se você oferecer às pessoas dois lados de uma história ou duas cabeças falantes, muitos escolherão o charlatão ou a história falsa, em vez da verdadeira. E obteremos uma polarização maior - o que pode resultar em uma boa TV, mas não necessariamente em uma boa política ou uma boa sociedade.

Um aspecto que julgo relevante na discussão: talvez "charlatão" não seja algo binário, do tipo "ou é charlatão ou não é charlatão", mas uma escala, onde parte do que é dito pode ser verdadeiro, mas uma parte não.

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