quinta-feira, outubro 01, 2009

Adaptação do Mercado

Em Why animal spirits can cause markets to break down (21/7/2009 - Financial Times - Asia Ed1, 20), Andrew W. Lo, um renomado financista e professor do MIT, discute a questão mais relevante das finanças modernas: o embate entre finanças comportamentais e hipóteses do mercado eficiente (denominadas de EMH).

A EMH parte do suposto que o mercado, através da mão invisível, seria capaz de determinar uma alocação eficiente dos recursos. Os preços seriam racionalmente a expressão de toda informação disponível. A EMH dominou as finanças desde a década de 1960.

A contraposição são as finanças comportamentais, onde parte do suposto que o ser humano é um animal que possui atitudes irracionais que irão refletir nas decisões financeiras. As finanças comportamentais passaram a ser um assunto “quente” com o próprio fracasso da EMH em explicar certas situações.

A batalha entre EMH e FC tem dominado a academia, os reguladores e os políticos. Lo procurar não tomar partido de nenhum dos lados, mas busca uma teoria que concilie os dois aspectos. Segundo Lo, existiria uma falsa dicotomia entre as duas escolas de pensamento. Ambas possuem elementos úteis para explicar a realidade.

Neste sentido, a EMH é muito eficiente em explicar, na maior parte do tempo, as decisões que são tomadas no mercado. Mas em algumas situações, o mercado não é sábio, como quer crer Surowiecki, em Sabedoria das Massas. A explicação está nas FC.

Apesar de sermos pessoas razoavelmente racionais, o ser humano possui ainda os instintos adaptados do animal que viveu na África há 50 mil anos. Assim, aversão à perda e influencia do grupo são típicas reações de irracionalidade.

A proposta de Lo tenta, portanto, fazer uma junção das duas idéias. Lo denominou de Adaptive Markets Hypothesis. Basicamente, Lo acredita que as idéias de Darwin são poderosas e podem ajudar a explicar a dinâmica do mercado. Em ambientes de constantes mudanças, o ser humano adapta-se utilizando alguns dos institutos passados.

O professor do MIT acredita que é possível melhorar as EMH. Conforme uma declaração de Lo para Steve Lohr (Wall Street’s Math Wizards Forgot a Few Variables) , “não é a teoria do mercado eficiente que está errada, mas ela é um modelo incompleto.

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segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Adaptação

A palavra "adaptação" é muito conhecida de todos nós. Um texto de 1978, “Lottery winners and accident victims: Is happiness relative?”, de Brickman et al, mostrou que pessoas paraplégicas não são menos felizes de outros grupos. Agora, quatro autores (Andrew Clark, Ed Diener, Yannis Georgellis e Richard Lucas) fizeram uma pesquisa observando seis eventos na vida de uma indivíduo, como o casamento. O interessante é que os autores fizeram uma espécie de série histórica, mostrando como as pessoas evoluíram em termos de satisfação. Observe o gráfico abaixo mostrando a satisfação do homem antes e depois do desemprego e do casamento (nesta ordem).



O gráfico seguinte mostra a situação do divórcio e casamento para uma mulher.



Observe que em ambos os casos, o nível de felicidade com o casamento (segundo gráfico) aumenta para depois voltar ao normal.

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quinta-feira, julho 19, 2007

Mercados Adaptativos

A Teoria Clássica de finanças diz que os mercados são eficientes e os preços refletem todas as informações disponíveis. Sabemos que num mundo real isto nem sempre ocorre. As Finanças Comportamentais apontam uma série de problemas com esta eficiência. Uma maneira de enxergar as finanças é através da Adaptive Markets Hypothesis, de Andrew Lo do MIT. Por esta teoria, existem ineficiências no mercado, mas os participantes descobrem, exploram estas deficiências e obtem lucro. Mas estas deficiências são corrigidas pelo próprio mercado, de forma evolucionária.

Podemos dizer que a AMH corresponde a Darwin aplicado as finanças.

Uma história muito antiga sobre a teoria clássica e sua adaptação para a AMH é a seguinte:

Cena 1 - Hipótese Eficiente de Mercado (EMH)

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Diz, “Ei, professor, olha, uma nota de vinte dólares.” O professor diz, “Absurdo. Se houvesse uma nota de vinte dólares na rua alguém já teria apanhado.” Continuam andando e um menino atrás deles pega a nota.

Cena 2 - AMH Parte 1

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Diz, “Ei, professor, olha, uma nota de vinte dólares.” O professor diz, “Realmente?" e olha para nota. Um menino atrás deles pega a nota e coloca no bolso.

Cena 3 - AMH Parte 2

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Diz num tom baixo de voz: "Tsst, Ei, professor, olha, uma nota de vinte dólares.” O professor diz, “Realmente?" e olha para nota. Pega a nota e coloca no seu bolso. Não se tem notícia do menino.


Cena 4 - AMH Parte 3

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação vê uma nota de vinte dólares no passeio. Agarra a nota e coloca no seu bolso. Ninguém é mais sábio.

Cena 5 - AMH Parte 4

Um professor da economia e um estudante de graduação estão andando ao longo de uma estrada. E o estudante de graduação está procuranto uma nota de vinte dólares que se encontra por perto. Não existe nenhuma, mas neste processo, não escuta o assunto que o professor está tentando ensinar. O professor fica zangado com a falta de atenção do aluno. O menino também procura a nota de 20 dólares, mas quando percebe o professor mal-humorado decide que não será estudante de finanças quando ficar mais velho.

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